sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

SOLIPSISMO

Solidão “pari-passo” me acompanha,
Pega força, é cruel e destrutiva
Muita força voraz e imperativa,
No correr dos dias, força ganha.

Minha pessoa que outrora era altiva,
Com coragem de encarar o mundo;
Hoje que sou quase um moribundo
Tenho de engolir só o gosto da saliva.    

Caprichoso o Destino quer que eu viva
Debruçado em suas teias como aranha,
Abre fenestra no cérebro que ele assanha
Mesmo assim deseja que eu sobreviva.

Que o odor funesto e tão imundo
Poderoso cérebro que manda em tudo,
Sabe tudo do mundo e do submundo;
Seja seu vassalo, senil e nauseabundo.

Esse orgulho nasceu em noite escura
E é filho da horrível ignorância,
Quando se desce um corpo á sepultura,
Uma derrama de vermes lhe acomete
E seu corpo que não é mais uma figura
Vai causar uma grande repugnância.

Sentimento de amargura, esse apego
Que se cria ou nasce por alguém,
Não se pode dedicar a mais ninguém
Bem difícil ter amigos, tenho medo.
O solipsismo que agora me consome,
A amizade que requer conexão
Que com ela já não tenho ligação
Já não sou viril, já não sou homem.

SONHO DE UM POETA

                                                                    
Quem me dera que eu fosse um poeta
Que dons perolados se aflorasse
Com forma, forte, fina eu ficasse,
Perfeitamente forte e com estética.
Seria como se em mim germinasse
Orquídeas fechadas, herméticas.
Criaria Poesias não patéticas
Versos que com amor eu dominasse.

Que os versos que eu fizesse fossem lindo
E que a posteridade que o herdasse
Decorasse, amassasse e recitasse!
De um modo sutil e nunca findo.
Que grandes Vates quando lessem
De pronto, logo os decorassem!
Não importa o tempo que levassem
Importante que jamais os esquecessem.

Que em todas as línguas os traduzissem
 Mortas, ou vivas, também os dialetos,
E meu nome ficasse entre os seletos
Poetas que nessa terra existissem.
E esses Poetas que os versos vissem
Ao declamá-los eles se emocionassem
E até emocionados eles ficassem
Contagiando a todos que os ouvissem.

 Futuro ou passado eles alcançassem,
Pois milhares de séculos já distantes
Poemas de Homero e até Cervantes
Clássicos que eles comparassem.
Então eles humildes se emocionassem
Ou contasse como antigas musas cantam
Poemas que ouvindo se encantam
Fazendo citações que os inebriassem.

Que poemas de amor que eu fizesse
Transmitisse emoções e eles sentissem
Quando lendo, ensinando até ouvissem.
As emoções que sempre tive, eles tivessem.
Se minh’alma fosse eterna não partisse
Dessa vida, dessa terra e eu vagasse.
Até o fim dos séculos eu penasse,
O anjo a declamar meus poemas eu ouvisse.

Quando outras almas eu encontrasse
Almas de antigos vates e houvesse
Encontrado meus versos e estivesse
Com bons sentimentos e os amasse.
Com sabedoria me ensinassem
Homens de ciências também leram
Mostraram a fonte onde beberam
Os antigos também se estimulassem.        

Mas se com outra vida aqui eu viesse
Por ironia o Destino me trouxesse
condições propícias que eu houvesse
De estudar cedo e depois trabalhasse.
Pois os erros que eu cometesse
Como agora os tenho cometido,
Não seria reincidente empedernido
Ou os castigos novamente eu recebesse.

O IMORTAL

Sei que a vida é um jogo
E a vida, é boa de viver,
Sem “maribondo de fogo”
Má imortal eu devo ser.
Não sei fazer essa ironia
O rompante é que desgasta,
Sem fazer nada, não ia!
Receber tudo de graça.

Também sei usar a lábia
Isso também me irrita
Sou pessoa muito sábia,
Mas isso não justifica.
A morte quer me levar
Não concordo com ela não,
Primeiro quero tentar
Vestir belo GALARDÃO.

Academia de imortais
É lugar que vou estar
Não penso nunca jamais
Essa idéia de largar.
Imortal, sei sim senhor,
Pois é isso que imagino
Nunca fui um perdedor
Vencer é o meu Destino.

Imortal, eu bem serei!
Pois eu sempre fui assim
Meu tempo eu gastarei
Não achei a vida ruim
Eu estou tentando agora
Minha vida melhorar
Vou ficar aqui por fora
Um pistolão arranjar.

Pois eu penso que sería
Difícil até demais,
Sem escora eu não podia
Ser mais um dos imortais.
Esse Dirceu é demais
É autêntico esse rapaz
Não duvide ele é capaz
De ser um dos Imortais.

Más agora ta tentando
Na academia entrar,
Continuar até sonhando
Pois pretende estrear
A vestimenta estranha
Que eles têm de usar.
Meu alfaiate esperando
O que ele tem de aprontar.

Aqui não digo besteira
Por sonhar, não estranhar,
Tenho idéias Brasileiras
Que nunca vão acabar.
Vou pra essa academia
Custe tudo que custar
Aprender Filosofia
Para a vida melhorar.

Tentarei a Academia
Como fez o Zé Sarney
Fazer tudo diferente
Não fazer o que ele fez.
Escreverei com estrondo
Tudo que ele não escreveu
É de fogo o maribondo,
E de gelo esse Dirceu.

Vou ficar muito famoso
Vestindo esse galardão
Lá vai o Dirceu tinhoso
Vestindo aquele roupão,
Elegante e bem jeitoso!
Dirá logo o Zé povão
Não vou ligar para povo
Pois é esse o meu jeitão.

A TRISTEZA

Deus, essa  tristeza me consome!
Como continuar vivendo assim?
Como pode minha vida tão ruim?
Tenho medo até de não ser homem.

Sempre fui bom pai, e bom amigo!
Não acredito que com isso me afaste
De Deus, não há castigo nem desgaste!
E ainda mais, sou bom, e sem castigo.

Uma tristeza ruim que me acabrunha
Fico pensando... Isso leva a solidão?
Talvez precise alguém me pegue à mão!
Pra não roer a substância córnea da unha.

Penso que da vida que eu tirei proveito
 Em meus poucos momentos de alegria,
A minha mãe tão experiente já dizia:
“Que um emissário DEVINO, eu seria.”

Parmênides de Eléia e Platão tinha razão!
Somos sombras nesse mundo de ilusão
Nesse lado só tenha muita escuridão
O lado verdadeiro, só tem Grande clarão.

Continuarei cumprindo a amarga sina
Enquanto chega a hora derradeira.
Amiga, inimiga, será então primeira,
Passageira, da viagem que termina.

Estarei então na frente do “senhor”;
Prestarei contas de tudo que aqui fiz
Com muito gosto voltarei a ser aprendiz
Para glória de descendente que ficou.

Ficarei feliz no novo aprendizado
Estarei com Anjos de muita candura
Que até falando, exalam só ternura.
Saio do mundo; não deveria ter estado.