quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

TUDO MUITO SINGULAR

                  Dirceu Ayres
Imensa é nossa capacidade de distorcer as coisas transformando a vítima em culpado. Tenho aqui uns exemplos. Um deles, não tem nada a ver conosco diretamente, serve para ver como funciona a lógica aplicada pelas pessoas que tem de emitir opinião.
Um cidadão está andando por uma rua da cidade quando é abordado por um assaltante. O meliante, não satisfeito em roubá-lo, ainda lhe dá um tiro na cara. A troco de nada. Em qualquer país do mundo, agressor é agressor e tem que ter uma punição. Pra nós, não. A culpa é da vítima, que não tinha nada que estar no local errado, à hora errada, ali onde estava. Além disso, era um sujeito de certas posses, de classe média, e vai ver que mereceu mesmo o fim que levou. O agressor é que é a vítima. A vítima de verdade mesmo, além de culpada é questionada por seus hábitos e por estar onde estava. O agressor é uma espécie de “fruto da sociedade” que lhe tirou as condições de estudar, ser honesto, trabalhar para se manter e cuidar da família e de si próprio. Bem assim, é o poder do “chefe” que pratica o terrível “poder maior”, o poder prepotente e chantagista de ser Patrão. O ser de magnânima grandeza e a incrível Majestade inigualável em cima dos fracos, oprimidos e injustiçados funcionários que precisam do emprego que ele Patrão pode tirar ou melhorar, depende do funcionário (a) aceitar ou não as suas propostas impregnadas de lirismo. Hoje alguns são denunciados  e esperamos a punição. Será....
Nos Estados Unidos. Depois dos atentados, (11 de setembro), o governo americano tomou uma série de medidas altamente impopulares para tentar evitar agressões. Prisões são feitas, proibições de se entrar nos aviões com certos objetos. Qualquer cidadão com um nariz um pouco mais arrebitado poderia ser impedido de entrar num avião ou no país. Essas medidas até que serviu também nas cidades Americanas como segurança. E no restante do mundo –Crimes em Nova York estão sob tolerância “O”. Más, aqui no nosso rincão com antiamericanos babões - que não tem a menor vergonha de encarar aquilo tudo como “paranóia”, destruindo os Prédios que seriam o símbolo maior dos Americanos e do capitalismo. Até agora me pergunto o que faríamos se tivéssemos levado dois aviões na cabeça?. A se julgar pelo que vimos no qüiproquó com a Bolívia, ofereceríamos subsídios para que os terroristas comprassem aviões mais potentes, grandes quadrimotores, capazes de duplicar o estrago… Também neste caso, a Al Qaeda apareceu como vítima, como anjo vingador antiimperialista. Os americanos então foram os grandes culpados. Que diabos de Política, Religião ou dogma se pratica hoje em dia para se pensar assim?. Que jeito sem jeito!!! Esse é nosso mundo novo, com esse mundo mesmo é que teremos de viver e conviver. Surgem novos chefes de Estado, novos Caudilhos, os Grandes, manda-chuvas que estão surgindo por todas as Américas, Latina, Sul e central. Pense num Governo tomando ou nacionalizando tudo que você construiu em toda sua vida e até Grandes Empresas Estrangeiras. Chego a pensar que é a derrocada inconseqüente da humanidade. Como tudo é cíclico, poderá aparecer um Adolf Hitler, Stalin, Fidel Castro, (mais novo) Mao tsé-tung, Pinochet, Stroessner e tantos outros que possivelmente poderão vir navegar em nossas águas. É, realmente tudo é MUITO SINGULAR. HUGO CHAVES está muito perto de nós.

CRIME OU UMA NOVELA DOENTIA

                                                                           Dirceu Ayres
                                                                                                             
Falou-se muito e até hoje ainda se fala no assassinato da menina IZABELA. Chegou-se ao cúmulo de desalojar todos os moradores do prédio para fazer uma simulação ou mesmo uma reconstituição do crime. E mais absurdo ainda, bloqueio do espaço aéreo. Esse acidente ou crime chegou até a modificar o sistema de trabalho dos peritos e da Polícia. Bem aparentemente os jornais esqueceram um pouco as quadrilhas que com algum poder aproveitam para se apropriar do dinheiro da nação. Não se divulgou mais nenhuma das safadezas que os Políticos desonestos estão sempre aprontando Há inúmeras crianças nesse país que são "assassinadas" todo dia, e todas são assassinadas de muitas formas, tendo esta criança (não sei por que) sida alvo de tanta atenção, a criança "em questão" violentada em sua fragilidade e tendo estancada sua vida por um outro ser humano, de sua mesma raça. Tenha sido quem for não foi seu cão de estimação, da raça animal, e sim, um ser humano, como eu, como você. Há imensa deformidade no mundo e em nós. Agora observem o que chamam de... "Exclusividade" - Jornais vendendo, audiência e interrogatório, promotor e advogados, se promovendo... Com a "necessidade" de informar ao "público", ao "povo", agências jornalísticas, de notícias, redes de TV, etc. todos caçando... "O criminoso"? Não, não, quanto engano! Caçando lucro, lucro com a morte de um ser indefeso pela mão de algum monstro. Há falas, há panos para as mangas, há muito a lucrar. Incitar com isso o "povo”... E dai!? E esse povo? Formado por pessoas que jogam pedras nas casas de alguém que não cometeu crime algum e pedradas também nos Automóveis que passam. Que povo é esse? A que raça pertence? Essa é a nossa raça humana? Segundo Roberto albergaria que diz:
“A morte da menina Isabella Nardoni, 5 anos, deu início a uma novela midiática à procura de desfecho. Em 29 de março, ela morreu após uma queda da janela do apartamento do pai, Alexandre, na Zona Norte de São Paulo. A polícia investiga a autoria do crime e tem como principais suspeitos o pai e a madrasta de Isabella, Anna Carolina. Há indícios de que ela tenha sido assassinada. Esse é o enredo central. O resto, segundo o antropólogo Roberto Albergaria, é a construção de uma novela "trágica" e "doentia". Aí temos um verdadeiro conjunto de artistas pronto para a novela ou o filme: O surgimento de reviravoltas, vídeos da menina, sangue nas camisas, testemunhas surpreendentes (o garçom do bar em que a tia de Isabella estava no dia da morte mesmo a – kilometros - de distância), os parentes, os vizinhos, (personagens fatais na obra de Nelson Rodrigues), compõem o painel da novela. Para Albergaria, a mídia transformou o crime "em metade da pauta da mídia durante semanas e semanas".
O antropólogo enxerga outra distorção: ajudada pelo mistério, a novela em que se transformou o caso Isabella vale mais do que os fatos, e tira do debate público temas mais relevante. – “A mídia é o grande filtro. O espaço ocupado por essa menina é o espaço retirado de coisas muito mais importantes para a vida coletiva. Mas isso é um fato emocionante. A emoção vale mais do que a razão. A novela, o enredo, vale mais do que o fato” - analisa Albergaria. Assim que vivemos na “terra do faz de conta” talvez seja mesmo a terra de MACUNAIMA.

Vice-versa..

                                                         Dirceu Ayres
A vida é toda ao contrário, sempre digo que também é cíclica mesmo. A Mara sempre me disse que deveríamos nos apegar a um texto e lê-lo de cabo a rabo, revirá-lo até descobrirmos sua essência, assim também é a vida se é que existe alguma lógica nisso, se é que existe um fim digno, uma vida que se preze. Tem texto que não tem alma e este infeliz texto pode ser mais um deles. E daí? O que realmente importa é o que sentimos quando lemos um texto, e isso aprendi desde pequeno, quando meu pai conversava comigo nas poucas horas que ele tinha de folga. Sua casa era uma casa simples, humilde, mais cheia de carinho e compreensão, minha Mãe que eu sempre achei uma mulher super inteligente, poderia dizer...Paranormal. Meu pai era um grande homem e me ensinou grandes coisas, até que uma grande doença derrubá-lo, como em qualquer grande história impressa em papel barato, com capa mole e tudo. Se algo não faz sentido aparente, procure no óbvio. E quando Mara se aproximou de mim na frente da casa, casa de interior, grande e com quintal, sorrindo e me mostrando a bela noite naquela parte do sertão, cheia de pontos coloridos e luzes de diferentes formas, contrastando com aquela claridade emanada das estrelas que eu deveria ter notado. Ela queria ser mais uma daquelas luzes. Não sei bem explicar, mas num momento de distração vi meus olhos apontados para alguma direção qualquer e logo em seguida lá estava a Mara, na minha imaginação ela era uma das estrelas que brilhava sobre a minha cabeça. Hoje, quando me lembro daquela noite em que a Mara me amou e depois sumiu, penso no que eu poderia ter feito de modo diferente, como aquela história poderia ter sido outra e não encontro solução, afinal não há máquina do tempo que solucione ou mude o que deve ser. O que tem que ser sempre será, mesmo que você consiga um salto quântico no tempo, certas coisas mudam sua ordem, seu sentido, mas o final será sempre o mesmo. Talvez aqui possa ser aplicada a lei de Murphy: “Se tem de acontecer, acontecerá da pior forma possível” Neste exato momento, enquanto escrevo estes rabiscos idiotas, me lembro do meu pai e suas sábias palavras: “Se quiser mudar alguma coisa, meu filho, não deixe nem que o processo comece...”. Ou: “Tudo leva mais tempo do que o tempo que temos disponível” Eis o grande truque, mesmo quando viramos tudo ao contrário, mesmo quando tentamos fazer tudo ao inverso, se o processo começou, não há como mudar. Vou Morrer ciente de que nessa vida tudo é um caminho sem volta e, ainda que você leia os parágrafos destes escritos ao contrário, ou mesmo de baixo para cima, o fim será o mesmo. A vida é toda ao contrário, mesmo. Lembrando Murphy poderia acrescentar: A beleza está à flor da pele, mas a feiúra vai até o osso!. Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto à explicação do manual.. Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível”. Lógico que o nome dela não é Mara, mas que me causou um dano desgraçado, há isso causou. E se eu pudesse faria exartamente o contrário de Murphy, aplicaria a lei de talião, que encerra a idéia de correspondência de correlação e semelhança entre o mal causado a alguém e o castigo imposto a quem o causou: “para tal crime, tal e qual pena”. Está no Direito hebraico (Êxodo, cap. 21, vers. 23/5): “o criminoso é punido taliter, ou seja, talmente, de maneira igual ao dano causado a outrem”.

VELHICE CHEGANDO

Quando você completa quarenta anos e constata que, daí por diante, cada ano vivido será em década com final enta: cinqüenta, sessenta, setenta e, com boa sorte, oitenta e noventa. Quando você se esmera preparando aquela viagem de férias e percebe que seus filhos não são mais crianças porque preferem ficar em casa e curtir a companhia dos amigos. Mas depois telefonam, às vezes de hora em hora, para saber como se cozinha um ovo.  O do ovo telefona depois reclamando que o mesmo está na água fervente há mais de meia hora e a casca ainda não amoleceu... Quando você precisa convencer seus filhos de que na sua juventude havia domingueiras ou matinês dançantes, explicar que eram aos domingos à tarde, e eles acham um absurdo porque se dançava de dia. Pior: não consegue convencê-los porque está naquela idade em que os filhos não acreditam mais nos pais. Quando você vê um FORD GALAXIE parecido com o que teve há muito tempo e o acha feio, com linhas desgraciosas e retas, as lanterninhas traseiras quadradas e toscas, e lembra que quando adquiriu o seu ele era um carro lindíssimo e elegante além de caro, seu mais caro objeto de desejo. Quando você participa de um encontro com antigos colegas de trabalho, e observa que a maioria deles já com cabelos brancos e separados de seus cônjuges da época. Um deles, só porque você não está um velho gagá, insiste em voz alta que você pinta os cabelos, ou usa peruca. Não vou adentrar na análise das personalidades que por vezes são até distorcidas nem tentar antecipar a minha opinião. Já aprendi que os políticos como alguns deles são como mala de mascate e dela pode sair tanto a cobra anunciada quanto apenas elixires como o Bálsamo Alemão que passa qualquer dor, ou óleo de cobra que também serve para reumatismo, ejaculação precoce, falta de ereção e são coisas boas (pomadas) que curam de tudo, desde unha encravada até picada de cobra mesmo ou escorpião. Além disto, temo que a discussão não seja tão somente inútil, mas apaixonada. Faz tempo que o senso do comum e do justo está sofrendo ameaças emocionais e emocionadas que procuram amoitar os fatos. Sem contar os que o chamam de tarado por viver ainda com a primeira mulher. Quando você chega numa cidade pequena, como Maceió, onde viveu durante quase toda sua vida, Alguns rostos enrugados, velhos, com cabelos brancos, lhe parecem familiares, mas você não se lembra de quem são. Dá vontade de chorar! Quando você repara, num aglomerado de pessoas, uma amiga que não via há mais ou menos vinte anos, vai cumprimentá-la, possivelmente abraçá-la, e descobre surpreso e vexado, que, na verdade, se trata de uma filha dela. Quando a casa em que mora, que você se queixava que sempre foi pequena demais, se torna imensa porque os filhos casaram, foram morar longe, deixando-a vazia, apenas com um casal de pais – sou bondoso comigo mesmo e não vou dizer casal de velhos.
Como se tudo isso não bastasse, ainda temos de tolerar essa gente que vive dizendo que após os quarenta é que chega a melhor idade. Veremos quando esses alardeadores e defensores dessa idéia maluca chegar aos cinqüenta, ou aos sessenta, até mais anos, veremos o que eles terão a dizer da falta de força, reumatismo, bursite e muito mais.

MENSAGEM PARA O ANO NOVO:

         SEJA UM IDIOTA
A idiotice é vital para a felicidade. Gente chata essa que quer ser séria, casmurra, fechada, profunda e visceral sempre. Puxa vida! Essa vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um contrato ou tratado?
Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, perdas de entes queridos, doenças incuráveis, dores e afins. No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja um simples idiota!
Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe, seu Pai, seu amigo, o compadre, o marido ou esposa, a filha mais velha e todo tipo de “autoridade” que tenha de lhe dar alguma ordem. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, truncada, casmurra, doentia, os problemas, os entupimentos nas coronárias, são eles e isso todos os dias, Indiscutivelmente, eles. Pobre deles.
Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas podemos acrescentar que foi muito mais pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto. Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça? Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica totalmente perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar? Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... A realidade já é dura; piora se for densa. Dura, densa e bem ruim. Brincar é legal. Entendeu? Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva. Pule corda! Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte. Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável. Teste essa teoria. Uma semana, para começar. Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso nos lábios, boca aberta e paz no coração! Aliás, entregue os problemas nas mãos do Universo e que tal um cafezinho gostoso agora?
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, faça amor, transe adoidado, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche”