quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

REPASSANDO

                                               Dirceu Ayres
DILMA E CABRAL DÃO SHOW DE INCOMPETÊNCIA...!

Perguntei ao meu primo que mora na Austrália, se os australianos eram "solidários" como os brasileiros, nas situações de calamidades. Ele me respondeu que não sabia bem, porque lá, em caso de calamidade, o governo australiano fornece tudo: água, comida, roupa, financiamento para uma nova habitação (quando destruída pela catástrofe), suspende a cobrança de pedágios e reduz impostos. Os resgates e os transportes de suprimentos são feitos por pessoas treinadas e pelas forças armadas, de imediato, seguindo um planejamento existente.
DILMA E CABRAL DÃO SHOW DE INCOMPETÊNCIA NO RIO REPASSANDO! NINGUÉM DIZ? ENTÃO EU DIGO:
DILMA E CABRAL DÁ SHOW DE INCOMPETÊNCIA NO RIO.
OU: IMPRENSA QUE CHORA, NÃO PENSA! Para má sorte — a adicional — das vítimas, a tragédia ocorreu nos primeiros dias do governo Dilma Rousseff, no exato momento em que boa parte da imprensa estava construindo uma nova mitologia — está ainda — como chamei aqui: a da Dilma competente e silenciosa, em suposta oposição a seu antecessor, o Lula falastrão e buliçoso. A presidente seria aquela que se esgueira nas sombras, no boníssimo sentido, para fazer o necessário. Enquanto o Babalorixá buscava os holofotes, ela, “mais técnica”, quer saber é de eficiência. Sei… O céu desabou sobre a região serrana no Rio no meio desse culto à Dilma toda - pura, àquela Sem Pecados.Some-se a essa patifaria intelectual uma outra: Sérgio Cabral, governador do Rio, é o novo inimputável da política brasileira. Em muitos sentidos, quem ocupa o vácuo deixado por Lula é ele, não Dilma. Dias antes da tragédia, ele ocupava o noticiário nos convidando a deixar de ser “hipócritas”: 1) “Quem nunca teve uma namoradinha que foi obrigada a abortar?”, ele indagava, tentando socializar os pecados; 2) não legalizar o jogo é coisa de moralistas trouxas; 3) drogas? Ora, é preciso discutir a legalização. Alguma crítica? Ao contrário! Cabral passava por corajoso. E foi como um destemido que ele se mandou do Rio em viagem de férias justamente no período em que os morros do estado que ele dirige costumam se liquefazer. Até ele sabe que algo não foi bem, tanto que chegou em falar na necessidade “autocrítica”, mas não agora evidentemente. Os desgraçados das chuvas estão no inferno há uma semana. O que se vê é um impressionante show de incompetência dos governos Dilma e Cabral. A imprensa, com raras exceções, se limita a adornar com dramas pessoais a impressionante falta de coordenação no socorro aos desabrigados. A esta altura, uma espécie de gabinete de crise já deveria ter sido criado. Onde é o centro de operações de socorro? Quem coordenada? Quem é o chefe? Quem comanda? Ninguém sabe. O que se tem lá é verdadeiramente um cenário de guerra. Recorro a uma hipótese, que extrema a situação, só para que pensemos um pouco. Ainda bem que o Brasil, por enquanto ao menos, não tem inimigos agressivos — a não ser a desídia. Fico a imaginar se o país chegasse a ser atacado alguma vez por um país estrangeiro. Morreríamos como gado. Os partidos de oposição — eles existem? — também estão calados. Temem ser acusados de explorar a tragédia. Fico cá a imaginar um desastre nessas proporções se ocorrido no governo tucano. São Paulo, que não padece 5% das agruras do Rio,virou alvo do Partido da Imprensa Petista. As boçalidades escritas sobre Franco da Rocha servem de prova. Parece que a região serrana do Rio fica nos cafundós dos Judas, na região mais inacessível do planeta. Os relatos são dramáticos. A ajuda não está chegando aos desabrigados. Falta gente, falta organização, falta, ATENÇÃO!, Uma ORGANIZAÇÃO DE CARÁTER MILITAR do processo de socorro. Nessas horas, é ela que tem de coordenar os esforços civis. Não! Em vez disso, estão todos chorando. Choram as vítimas. Choram os voluntários. Choram os repórteres. Chora o bom senso. Só o governador do Rio e Dilma ainda não choraram. Ele só chora quando trata dos royalties do petróleo, e ela, quando fala dos “companheiros que tombaram” tentando implantar uma ditadura comunista no Brasil. Em matéria de tragédias humanas, são durões. Não que eu quisesse que eles também chorassem. Bastava que tentassem pôr um pouco de ordem no caos. Para isso foram eleitos. Por Reinaldo Azevedo.

A consulta

                                         Dirceu Ayres
 A mulher entra no consultório do Médico para ser atendida e o Médico muito educado fala. – Então, senta aqui senhora e me diz o que está sentindo.
- Aí é que tá Doutor: eu não consigo sentar direito. Tenho uma dor impossível aqui na base da coluna. Fisga, puxa, dói, rasga, parece que está me enfiando um parafuso no osso. Bem um parafuso no osso mesmo, não entender diferente.
- Sei. Mostra-me exatamente onde é que dói?.
- Aqui, ou. Bem. Eu acho. Sei lá, vai ver me fizeram alguma macumba, um vodu.
- Eu sou médico, eu não acredito em macumba ou nessa estória de vodu.
- Então é câncer, Doutor. Em câncer o senhor acredita né? Tomo esses remédios todos e espero que o senhor passe mais algum comprimido para essa dor.
- Na sua idade, não é provável o câncer. Mas também nunca tinha visto ninguém tão nova, nervosa e hipocondríaca. É, vai ver é câncer mesmo. (Já se irritando)
- Doutor!!!!
O Médico, clínico famoso, já escabreado com a paciente de comportamento tão neurótico, afirmou... É pode ser Câncer mesmo. -O Médico nunca tinha sido tão provocado como o que essa paciente estava fazendo e ele já estava se sentindo impaciente.
-Ela volta à carga: Como o senhor sabe que é câncer mesmo Doutor?
-Ora, você mesma quem insinuou que em não sendo vodu\macumba, seria câncer.
-Más a palavra do médico é que é a palavra final e de responsabilidade, disse ela.
-Bem, eu lhe disse que não era e na sua idade seria pouco provável.
-Más, deve ser uma doença perigosa ou infecto contagiosa né?
-Acho que você está no médico com a especialidade errada, seu caso é para um Psiquiatra, pois é a especialidade que vai resolver o seu problema, Os Psiquiatras são calmos, competentes nesses casos e são uma especialidade Médica que conforta e cura qualquer desequilíbrio nervoso e esses tipo de dor.
-Más já me disseram que Psiquiatras são Médicos de doido! Exclamou a paciente, o senhor acha que eu estou doida?
-Não minha senhora, é que eu estou como o Papai Noel e temo pelo meu saco.
-Mas eu não entendo nada do que o senhor está falando, isso é cultura demais? Deus, todo que Médico diz ou escreve ninguém entende, puxa vida, e agora Doutor?
- O Doutor já a beira do desespero, senhora aqui está o dinheiro que pagou pela consulta, estou devolvendo para que a senhora vá embora, terminou, acabou a sua consulta, por favor, vá embora!!!.
-Vigi Doutor, acho que o senhor está aborrecido viu!!!
-O Médico já no desespero diz... Não, não estou não, estou só cansado, mas vá embora.
-O senhor está mesmo decidido a me mandar embora né? Não quer me atender né?
-Meu Deus tenha piedade de mim, faça com que essa criatura vá logo embora.
-A mulher diz ôchénte seu Doutor, se é por mim eu já vou-me embora viu? Cháu, chau, e nunca mais. O Médico cancelou as outras consultas para aquela tarde, pegou seu carro e se mandou pela estrada, aí notou que já estava na Cidade de Coqueiro Seco e nem sabia o porquê nem como tinha chegado lá. Deu meia volta e foi prá casa.

A MINHA VELHICE

                                            DIRCEU AYRES
Envelheci; tão depressa, não esperava;
Desapareceu toda minha mocidade,
Em minha existência atribulada!
Não era bem assim que eu pensava.


Sempre julguei que a velhice tava longe
Descuidei-me, pensei que era aventura.
Vida sofrida, recheada de amargura;
Agora o fim, Não rezei, nunca fui Monge.


Nordestino, cheio de Nordestinidade!
Fim da linha, muito cheio de saudade;
Brasileiro, cheio de Brasilidade!
Vou pra terra, muito cheio de bondade.


Sempre achei que a minha mocidade
Ia durar uma vida farta e pura
Sem me preocupar com as agruras,
Agora amargo o fim, é só saudade.


Minha infância, sempre cheia de aurora!
Fui feliz, não reclamo à vida crua...
O pai pobre, eu brincava pela rua;
Muito bom, pois, não reclamo agora.


Assim, eu vivi como menino;
Caçando, Pescando, estudando;
Na missa via o Padre comentando
Tudo que ele dizia do Divino.


Cresci... Em Camaragibe fui morar
Mesmo sendo rapaz eu trabalhava,
Na banda de música eu tocava
Arranjava tempo para namorar.


Trabalhei, muita gente ajudei.
Casei-me, uma Família constituí.
Meu primeiro salário eu recebi
Pra Capital com família me mudei.


Na Cidade também me estabilizei
Comprei casa, tudo com muito jeitinho;
Os meninos sempre dedicaram carinho
A Mulher que no início eu bem amei.


Agora estou de testa com a velhice
Juventude com o tempo já passou
Agora doente e velho já estou
A Morte olha, seu assecla me assiste.


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