sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

DIRCEU, POR ELE MESMO.


                                                 DIRCEU AYRES
A cabeça grande bem ovalada
Nariz grosso, forte sem jeito,
Rosto de rugas igual estrada,
Lábio fino delineado, perfeito.


As orelhas do tamanho ideal
Tem bem natural o pescoço
Más as mãos de forma tão igual,
O estranho é a perna só ter osso.


A cor branca, a altura é regular
Barba grossa, bigode espesso;
Barba, cabelo, bigode a ajeitar;
Andando cambaleia, tá sem jeito.


Olhos verdes bonitos cor do mar
Corpo grande, não é raquítico
Tem quem o ache feio de lascar
Más a mãe, o achava bem bonito.


Tem voz rouca e o som cansado
Mesmo assim não é tão esquisito
Até hoje se mantém em bom estado
Tem até quem com ele faça o agito.

Ao andar tem um jeito bem banzeiro
Esse jeito agradou sempre as mulheres
Até hoje ele é bom, não é sem jeito
Ainda tem muito amor com a galera.

DIRCEU AYRES (O VELHO)LEMBRANDO PASSADO

                                             DIRCEU AYRES


Sou assim, a ninguém nego...
Eu ainda sou o Dirceu,
Se comer “bóia”! De cego
A mochila, foi eu que deu.
Corri muito as pradarias
Querendo moça encontrar
Usando o jeito que tinha
Namorar, depois amar.


Sempre fui bastante esperto
Tiro certo, eu bem sei dar,
Pra pegar moça eu acerto.
Tranco o dente sem largar.
Não gosto de fantasias
Nem mentiras, vou contar,
Os passeios que fazia
Com elas, só pra “ficar”.


Sempre foi a minha vida
Tentar muito até ganhar
Sempre ser um vencedor
Posso mesmo enumerar
Mil garotas e com amor
Vou uma lista, preparar.
Tirar dúvida com ardor
Lembrar quanto que sou:


Terezinha era morena
Nayde forte e branquinha;
Zezé larga, Ana Elena,
Jandira, Lúcia e Nildinha...
Paulinha nova e donzela
Muito gosto que eu tinha
Pra transar com todas elas
Em uma arrumada caminha.


Jandira era a Doutora.
Virginia e Valderez,
Juntou a Silvia cantora,
Que transou só uma vez.
Creuza, Edilma e Rejane,
Todas querem que as ame
Tudo isso de uma vez,
Só se pensa que é exame.


Tinha a “noiva” Eliane
Amava transar com ela,
Gosto mesmo é que me chame,
Pra transar com Daniela.
Transei muito e com trejeito
Amando agarrado aos peitos
Coisa linda que era os dela,
Inda lembro como era.


Eu também amei Danuza
Com amor a Bernadete
Lembro ainda minha Nete
Que escondia a Vanuza
E sempre acoitava a Arlete,
Chorava muito a Lucy
Sem saber o que acontece
E não largava Maury.


Como esquecer a insônia!
Quando lembro a Vitória,
Nisso ninguém tem glória,
Só me lembra minha Sônia.
Antes que a morte me leve
Não posso esquecer Antonia
Que tem cheiro de Begônia
Sem nunca esquecer Liége.


Se aqui eu for lembrar
Quanta mulher inda chama
Vou ter briga de enrolar
Com a mulher que me ama
Essa mulher que na cama
Luta, briga e tem a gana;
Chora, geme, até implora...
Bem assim, é ELIANA.


Nessa pedanga Danada
Luto, luto, todo o dia;
Más, ELIANA é danada.
Não solta o que queria.
E uma que não se engana
Vamos ver todos os dias,
Sem ter raiva ela só ama
Eliana é minha LIA.


Pra completar a saudade
Desse batalhador perfeito,
Cheio de nordestinidade
Trilhando sempre o direito.
Outro dia conto a história
De um amor quase perfeito;
Pra esfriar minha memória
Lembrar-me daqueles peitos.


Peito lindo sem vergonha
Um dia volto a mamar!
Não é fácil de escapar                                                  
Eu te agarro pela entranha.
De mim não vais escapar                
To de olho em tua dona
Se pensa que me engana
Vai a mim se sujeitar.
                                                                              

VENDENDO O DIRCEU

Depois de sofrer pressão         Dirceu Ayres.
E de ter sido enganado,
Eu não fico embriagado
E não tenho depressão;
Mais ando desconfiado
Que preciso ter cuidado,
Vão me vender no leilão.


To ficando um cabra feio
Desarrumado e barbudo
Mesmo sendo carrancudo
Banguelo careca e meio
Xexelento e barrigudo
Meio gordo com recheio,
Não escapo, vou pro fundo.


A lia, a minha mulher
Que andava escondida
Com uma idéia bandida
Do jeito que não se quer
E a idéia que lhe move,
Por “um e noventa e nove”
Vender-me a quem quiser.


Sou obra da natureza
Tenho tanta perfeição
Mesmo com imaginação
Onde tem tanta grandeza?
Com essa minha beleza
O arco Íris e suas cores
Desmancha-se em louvores
Em um dia bem nublado,
Sou artista, bem cuidado;
Na arte aplico os Amores.


Fui criado nas miragens
No sertão, local deserto!
Com um destino incerto,
No corpo tenho mensagens
Com abstratas imagens
Deus que ninguém profana,
Como chefe em caravana,
Orgulha-me ser porta- voz
De uns primitivos Heróis
Minha origem não engana.


Um filho da Natureza
Nunca acertei ser bandido,
Nunca fiz coisa escondido
O meu mundo é uma beleza.
Uma pessoa sem maldade,
A criatura sem queixume,
Não justifica o azedume
Dessas pessoas de idade,
Só justifica a saudade
De pessoa com mais lume.


Pois não pode ser vendido
Uma pessoa que é tão nobre
Mesmo por ser assim pobre,
É sempre bem destemido.
Por “um e noventa e nove”
Que não é preço decente
E ainda quer que agüente
Essa idéia que lhe move.
Pois jamais serei vendido
Por ser muito bem querido
E prá não ser o ofendido,
Tem pessoa que me acode.