sexta-feira, 8 de abril de 2011

INUSITADO ACONTECMENTO NO RIO DE JANEIRO

                                           Dirceu Ayres
O que há de essencialmente estúpido na tese de que casos como o da escola do Rio ou da violência epidêmica que há no Brasil se combatem com a proibição da venda de armas? O óbvio, ora essa: as armas utilizadas nesses crimes não foram legalmente compradas. É tão simples! É tão evidente! É tão escancaradamente factual que as “pessoas boas” preferem ignorar o óbvio. Nada tenho contra os Professores, Educadores ou Psicólogos, mas me pergunto por que não convidam uma junta médica de cinco ou sete médicos Psiquiatras e fazem as perguntas que estão a fazer as pessoas que dizem que a vida continua e se puxar não tem conteúdo nenhum, é de se perguntar, Cadê a entrevista com um psiquiatra competente? Afinal de contas, psicóloga pode dar conta de casos mais brandos, dos que se resolve no setting de um consultório. Não é por acaso, aliás, que aos psicólogos não é permitido receitar. Quem receita é médico psiquiatra. Quem encara e decide casos de internação indispensável em manicômios são os psiquiatras. Então, por que não entrevistar alguém que verdadeiramente entende desse macabro metiê? Qual é o sentido de a reportagem afirmar que o agente da tragédia não "declinou os motivos" de ter agido como agiu? Como diria o Faustão, ôrra, meu! Um cara que comete uma chacina estaria em condições de fazer um arrazoado dos motivos que o levaram a agir da maneira insana como agiu? Parece muito difícil para os jornalistas entenderem que os que sofrem de transtornos mentais jamais seriam capazes de dar qualquer explicação dos motivos que os levaram a agir como agiram. Eles são movidos por impulsos irracionais! A "lógica do inconsciente", por paradoxal que pareça, só é acessível aos que dominam a lógica da consciência, o que não é, definitivamente, o caso do assassino que atuou hoje no Realengo. Fátima Bernardes entrevistou o "consultor de segurança" da Rede Globo. Segundo a opinião do tal consultor (um ex-policial que participou da realização do filme "Tropa de Elite"), a única solução é o desarmamento! Ah, é? Será que os psicopatas só sabem fazer chacinas com armas de fogo? Não poderiam usar, por exemplo, venenos, facas ou quaisquer outros métodos para matar? Não adianta. Enquanto loucos perigosos não forem tratados como loucos perigosos, enquanto a sociedade tentar entender os atos dementes de um psicopata à luz da lógica e da sensatez dos normais estaremos todos em perigo. A burrice, aliás, é tão perigosa quanto à esquizofrenia. As crianças morreram por conta da inércia de um governo corrupto que desarma o cidadão de bem e trabalhador, mas não coíbe o contrabando de armas que vem das fronteiras dos nossos "irmãos menores" da Amérdica Latrina que abastece o crime organizado e o tráfico de drogas. 50 mil brasileiros e brasileirinhos (Pre. Dilma) morrem por ano no país por conta da violência desenfreada, impunidade e contrabando de armas e drogas. E os curiosos sem noção de sempre se amontoando diante da escola e dando entrevistas patéticas e sem interesse jornalístico algum para a sociedade. Gentinha idiota que inventa história para aparecer na TV e jornalistas cretinos que enchem o saco geral mostrando em vez de apenas noticiar o fato. Já não é mais suficiente mostrar essa brutalidade em horário nobre da TV, tem que ir atrás dos familiares e expor a dor e a revolta dos parentes das vítimas. Imagens sem fim de choro e desespero, tudo em nome da notícia e na busca pela audiência, e as famílias que tem seus momentos de dor violados pela liberdade da informação... O que importa é a audiência.