segunda-feira, 22 de agosto de 2011

PF COGITA INTIMAR ROSSI PARA PRESTAR "ESCLARECIMENTOS"

                  Dirceu Ayres
A Polícia Federal cogita intimar o ex-ministro Wagner Rossi para depor no inquérito que apura irregularidades no Ministério da Agricultura. A investigação foi aberta na semana passada, a partir da inquirição de Israel Leonardo Batista, ex-chefe da comissão de licitações do ministério. Israel reafirmou no depoimento acusações que, levadas ao noticiário, adensaram o caldo de malfeitos que precipitou o pedido de demissão de Rossi, na última quarta-feira (17). O inquérito da PF entra na segunda fase a partir desta segunda (22). Já intimados, começarão a ser ouvidos os personagens citados por Israel. Entre eles o lobista Júlio Fróes; a chefe de gabinete da secretaria-executiva Karla França Carvalho; e o ex-segundo do ministério, Milton Ortolan. Apura-se, entre outros malfeitos, a suspeita de direcionamento de licitações realizadas na gestão de Wagner Rossi, nomeado por Lula e mantido por Dilma Rousseff. A PF trabalha com a perspectiva de que a oitiva de Rossi pode ser inevitável. O inquérito ficaria capenga sem os “esclarecimentos” do ex-ministro. Partiu de Rossi, por exemplo, a autorização para que fosse contratada, no ano passado, a Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP. Em processo preparado pelo lobista Fróes, que dispunha de sala no ministério, a PUC foi contratada para treinar servidores ao preço de R$ 9,1 milhões. Segundo Israel, Fróes distribuiu dinheiro a servidores após a assinatura do contrato com a PUC. No rastro da saída de Rossi, vieram à luz detalhes que tonificaram as suspeitas. Descobriu-se que a participação da FGV na pseudolicitação foi fraudada. A proposta era forjada. A assinatura, falsa. Em nota divulgada na sexta (19), a PUC se dispôs a devolver os cerca de R$ 5 milhões que já recebeu do ministério. Ao demitir-se da Esplanada, Rossi como que viabilizou a eventual intimação da PF. No cargo, ele só poderia ser chamado a depor mediante autorização do STF. A condição de ex-ministro privou Rossi da chamada prerrogativa de foro. Ele tampouco dispõe do privilégio como parlamentar. É ex-deputado federal. Confirmando-se a intimação, a simples presença de Rossi nas dependências da PF representará um constrangimento adicional a Michel Temer. O vice-presidente da República freqüenta a crônica do caso como “padrinho” da nomeação de Rossi. A cúpula do PMDB respirava aliviada depois que o “apadrinhado” decidiu deixar o governo por conta própria, livrando Temer do embaraço. Associado a apurações em curso na Controladoria-Geral da União, o inquérito da PF pode prolongar o martírio da vinculação política. Escrito por Josias de Souza.

A VERDADE SOBRE AS SUJEIRAS DO GOVERNO LULA, COMEÇA A APARECER

                  Dirceu Ayres
Petistas temem que “faxina” de Dilma carimbe gestão de Lula como ”corrupta” Por Vera Rosa, no Estadão: A “faxina” no governo da presidente Dilma Rousseff, que já derrubou quatro ministros em dois meses e doze dias, causa extremo desconforto no PT. Dirigentes do partido, senadores, deputados e até ministros temem que, com a escalada de escândalos revelados nos últimos meses - especialmente nas pastas dos Transportes, do Turismo e da Agricultura -, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva acabe carimbado como corrupto. Todos os abatidos na Esplanada foram herdados de Lula. Em conversas a portas fechadas, petistas criticam o estilo de Dilma, a “descoordenação” na seara política e o que chamam de “jeito duro” da presidente. Uma das frases mais ouvidas nessas rodas é: “Temos de defender o nosso projeto e o Lula.” Mesmo os que não pregam abertamente a volta de Lula na eleição de 2014 dizem que Dilma está comprando brigas em todas as frentes - do Congresso ao movimento sindical -, sem perceber que, com sua atitude, alimenta o “insaciável leão” do noticiário e incentiva o tiroteio entre aliados. Na avaliação de petistas, o poderoso PMDB - que na quarta-feira perdeu o ministro da Agricultura, Wagner Rossi - não é confiável e acabará dando o troco a qualquer momento. Dilma chamou ministros e dirigentes do PT para uma conversa no domingo à noite, no Alvorada. A presidente pediu o encontro para ouvir a avaliação de auxiliares sobre a crise na base. Ela contou ali sobre a reunião com Lula na semana anterior, admitiu a necessidade de se reaproximar dos partidos que compõem a coligação e avisou que teria um tête-à-tête no dia seguinte com o vice-presidente Michel Temer e com os líderes do PMDB na Câmara e no Senado. Àquela altura, a situação de Rossi era considerada complicada, mas ainda não havia sido divulgada a notícia do uso do jatinho de uma empresa que tem negócios com o governo pelo então ministro, afilhado de Temer. Com receio da reação de Dilma - conhecida pelo temperamento explosivo -, alguns ministros pontuaram, com todo o cuidado, os problemas de relacionamento no Congresso após as demissões e citaram o PMDB e o PR. As alianças para as eleições municipais de 2012 também entraram na conversa. Diante de Dilma, no entanto, ninguém rasgou o verbo e muito menos criticou o estilo adotado por ela.Um ministro disse ao Estado, sob a condição de anonimato, que, não fosse a pesquisa CNI/Ibope recém saída do forno - o levantamento fora divulgado na quarta-feira, quatro dias antes da reunião no Alvorada -, a presidente acharia que tudo estava bem. Naquela pesquisa, a avaliação favorável do governo Dilma caiu 8 pontos em relação à sondagem anterior, de março, quando 56% dos entrevistados consideraram o governo Dilma “ótimo ou bom”. Agora foram 48%.Embora Dilma tenha falado sobre a necessidade de curar feridas em sua base de sustentação no Congresso, em nenhum momento ela mostrou arrependimento na forma como tem agido. Segundo relatos, a presidente disse que precisou fazer uma reformulação no Ministério dos Transportes, administrado pelo PR, por causa de irregularidades descobertas no setor. Mas não seria sua intenção recorrer a uma “faxina geral” na Esplanada, sem motivos concretos. Uma mudança de estratégia, no entanto, foi acertada no Alvorada. Dilma concordou que o governo precisa divulgar melhor os seus programas e criar uma agenda positiva para reagir à crise. Não foi só: ela também garantiu aos petistas que viajará mais e dará mais entrevistas aos veículos de comunicação do interior. (estadão)
Postado por BLOG DO MARIO FORTE