quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Muita potência no motor

          Dirceu Ayres
Inventaram um novo "assassinato social": beber, entrar num carro e dizimar quem estiver passando Nos Estados Unidos, o comum é um sujeito se encher de carabinas e rifles, invadir uma escola, atirar no máximo de pessoas que conseguir e terminar se matando também.Os brasileiros estão inventando um tipo novo de "assassinato social". Consiste em beber bastante, entrar num carro -quanto mais caro e poderoso, melhor- e dizimar quem quer que esteja passando pela calçada.Claro que uma notícia puxa outra. Não que o cretino tenha sido "influenciado" pelo atropelamento que leu no jornal (embora isso possa acontecer também).Mas acontece de um caso específico atrair a atenção da população e os imediatamente seguintes acabarem entrando com mais destaque no noticiário, por força da coincidência.Foi assim há alguns anos, quando se repetiram as cenas de motoristas bêbados guiando na contramão de rodovias como a Imigrantes ou a Fernão Dias.Aquela moda, ao que tudo indica, passou. Os casos de Ferraris, BMWs, Land Rovers ou sei lá o quê subindo nas calçadas e matando gente se tornaram, entretanto, mais comuns -pelo menos, em regiões da cidade supostamente mais seguras e policiadas, como Pinheiros e Vila Madalena.São regiões com muito trânsito também, e pelo menos isso poderia inibir o motorista embriagado de pisar tanto no acelerador. Começo a especular um pouco. Talvez os próprios congestionamentos sejam um motivo para esse comportamento assassino.O feliz proprietário de uma máquina de grande potência, projetada para voar numa autobahn alemã, ou para enfrentar desafios "off-road" no deserto do Colorado, se vê, um belo dia, empacando a cada 15 metros num congestionamento da Rebouças. Sai por uma "via alternativa", como gostam de dizer no rádio, e encara o asfalto péssimo, as valetas, o catador de papel velho que se arrasta com sua carrocinha.O motor, com toda sua potência acumulada, é um tigre enjaulado. Um mínimo de espaço à frente, eis que avança com ímpeto assassino. A solução não está nas faixas de pedestres, é claro. Desconfio até que a iminência de uma fiscalização mais rigorosa a esse respeito motivou inconscientemente alguns motoristas a um comportamento mais desenfreado do que de costume. Pedestres em liquidação. Aproveite enquanto é tempo.Um dos últimos episódios de criminalidade automotiva, entretanto, pode jogar outras hipóteses na discussão. Na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, o jovem Pedro Henrique Santos furtou um ônibus e desembestou por 23 quilômetros. Só parou depois de ter batido em 18 carros. Estava bêbado e drogado, provavelmente, mas o que chama a atenção é a roupa que ele estava usando. O rapaz, que era estudante de direito, usava uma roupa de policial do Bope. Tinha saído de uma festa à fantasia; ao ser preso, chegou a dizer que era protegido da presidente Dilma Rousseff.Fantasia é bem o termo. Com droga ou sem droga, está em jogo uma fantasia de poder. Nos Estados Unidos, o psicopata usa rifles para encenar algum tipo de vingança à moda de Rambo ou do faroeste.Aqui, onde não é tão fácil comprar armas de grosso calibre, o carrão tipo tanque de guerra ou, na falta dele, um ônibus comum, dão conta do recado. O sujeito já fica sentado a uma altura muito superior à média. Assim como o atirador prefere mirar do alto de uma torre ou de uma colina, o matador motorizado enxerga seus semelhantes de cima para baixo. O mero pedestre talvez não baste. Com o aumento do poder aquisitivo da classe baixa, o carro popular pode se tornar, também, uma vítima apetecível.Quem sabe, tudo não é fruto da prosperidade econômica? Por volta de 1950, os americanos pisavam fundo no acelerador e a ligação entre carro, bebedeira e morte estava no auge.O pintor Jackson Pollock morreu disso, em 1956, matando também uma moça que pegava carona com ele. Talvez mais impressionante, anos antes, tenha sido o caso do poeta Robert Lowell, que dirigia bêbado ao lado da escritora Jean Stafford, por quem estava apaixonado. Já tinha ameaçado matá-la e suicidar-se caso ela não consentisse com o casamento.Ela tentou resistir; ele arremeteu o carro contra um muro. O acidente desfigurou o rosto da moça. Casaram-se depois disso, amargando dez anos de infelicidade mútua, sem sexo. Não é regra geral, claro. Mas dá o que pensar tanta confiança na potência do motor. MARCELO COELHO

Até tu, Aloysio Nunes?

                                   Dirceu Ayres
Mais um tucano trai os seus eleitores na agropecuária. Desta vez, Aloysio Nunes. Quem é que vai sobrar neste crime cometido contra quem produz o alimento que o Brasil precisa?A regra para legalizar lavouras e criações existentes em Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e em reserva legal está entre os aspectos mais controversos do projeto de reforma do Código Florestal (PLC 30/2011) aprovado pela Câmara e que agora tramita no Senado. Há consenso de que não devem ser punidos os agricultores que desmataram seguindo legislação da época, como por exemplo, os produtores de café em áreas montanhosas do Espírito Santo e os vinicultores da Serra Gaúcha. Mas são muitas as divergências quanto aos demais casos de ocupação das áreas protegidas, em especial cultivos temporários, como lavoura de grãos, feitos até as margens de rios. Para especificar as situações passíveis de regularização, o texto aprovado na Câmara apresenta um conceito genérico de área rural consolidada: "ocupação antrópica pré-existente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvopastoris, admitida, neste último caso, a adoção de regime de pousio". O marco temporal coincide com a edição do Decreto 6.514/2008, determinando punições para crime contra o meio ambiente. O senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), relator do projeto na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), manteve o entendimento da Câmara, mas especialistas ouvidos em audiências públicas no Senado afirmam não haver justificativa para a chamada "data mágica". Esse também é o pensamento dos senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) e Lindbergh Farias (PT-RJ), que apresentaram emendas alterando o corte temporal previsto no conceito de área consolidada. Aloysio Nunes e Valadares sugerem que sejam regulamentadas atividades consolidadas até 24 de agosto de 2001, data da edição da Medida Provisória 2.166-67, que alterou as regras previstas no Código Florestal para áreas protegidas. Conforme argumentam, as novas regras passaram a valer a partir da edição da MP, sendo o decreto de 2008 restrito à definição de sanções aos que descumprirem tal regramento. Já Lindbergh Farias propõe a data de 12 de fevereiro de 1998, quando entrou em vigor a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998). O senador considera que, após essa data, infringiram a lei e são passíveis de punição todos aqueles que desmataram suas propriedades rurais de forma irregular. O parlamentar pelo PT do Rio de Janeiro também propõe suprimir do conceito de área consolidada a possibilidade de regime de pousio - período no qual a área não é cultivada, visando à recomposição de nutrientes pelo "descanso" da terra. Lindbergh argumenta que a prática se justifica apenas em casos de agricultura de subsistência e que, se adotada como regra geral, poderá servir de argumento "sempre que for detectado um processo de desflorestamento".

GRITA, BRASIL

                    Dirceu Ayres
Milhares de pessoas foram às ruas no feriado de 7 de setembro protestar contra a corrupção. Ao contrário do que estamos acostumados a ver, não foi um evento com patrocínio de movimentos “sociais” mobilizados pela esquerda; estes aderiram ao constrangedor silêncio de quem parece satisfeito com as gordas verbas estatais. Desta vez, os grupos se organizaram de forma espontânea e apartidária pelas redes sociais. Nas palavras de uma revista, tratou-se do “despertar das consciências”. A iniciativa merece apoio daqueles cansados de tanto descaso no uso do dinheiro público. Bilhões são desviados todo ano, políticos são pegos em flagrante, mas nada acontece. O ex-presidente Lula ajudou muito a criar este clima de anestesia geral, utilizando sua popularidade para proteger aliados corruptos. Parece que as pessoas estão finalmente acordando para o fato de que a letargia de hoje será paga com mais abusos amanhã. Já era hora de as pessoas honestas, saturadas de tanto abuso dos governantes, partirem para alguma ação efetiva. A pressão popular é uma arma legítima em qualquer democracia. O ideal é que este movimento se mantenha blindado contra o oportunismo político. Desta forma ele ganha mais legitimidade, até porque o combate à corrupção é uma bandeira da sociedade contra o corporativismo político, não contra um partido específico. A corrupção tem muitas causas, mas creio que duas merecem destaque: impunidade e concentração de poder. Quanto à impunidade, a arma mais eficaz talvez seja justamente a pressão popular, com passeatas de protesto. Lembremos que o “mensalão” ainda nem foi julgado e corre o risco de prescrever. Os brasileiros decentes não podem aceitar tanto escárnio! Já quanto à concentração de poder, será preciso atuar no campo das idéias, com foco no longo prazo. A mentalidade predominante no país, que desconfia do livre mercado e deposita fé quase religiosa no governo, terá que mudar. Mas isso não ocorre num piscar de olhos. É preciso investir nas idéias, apostar no poder dos bons argumentos. Esta mudança cultural será crucial para a sustentabilidade de um modelo com menos corrupção RODRIGO CONSTANTINO


Sobre o Jucá, as arcas e a grana que nasce em moita

              Dirceu Ayres
Aportou no STF uma ação judicial que cuida de um dos mais inusitados casos da cruzada eleitoral de 2010.Envolve as arcas de campanha do senador Romero Jucá (PMDB-RR), o eterno líder de todos os governos. Chama-se Amarildo da Rocha Freitas o personagem central do inquérito. Empresário, atuou como colaborador da campanha de Jucá Às vésperas do primeiro turno da eleição, Amarildo foi ao escritório de campanha de Jucá. Na saída, carregava um envelope. Entrou no carro, virou a chave e saiu. De repente, Amarildo notou que uma equipe da Polícia Federal o seguia. Lançou o envelope pela janela do carro Os agentes da PF recolheram o refugo num matagal. Dentro, havia R$ 100 mil. Repetindo: o colaborador de Jucá jogou R$ 100 mil pela janela.Inquirido, Amarildo confirmou que recebera a grana de Jucá. Lançou-a no mato, segundo disse, porque ficou “assustado” com o cerco policial.Na época, Jucá reagiu assim: “Não entreguei dinheiro a ninguém, não é dinheiro meu, não é dinheiro de campanha, todo o nosso dinheiro está declarado.”Agora, reconduzido ao Senado, Jucá diz que desconhece o processo. Alega não ter sido notificado. A contabilidade da campanha foi aprovada, ele sustenta.A existência humana, como se sabe, gira ao redor do dinheiro. O pobre sua a camisa para ganhá-lo. O rico multiplica-o… …O falsário falsifica-o. O ministro desonesto desvia-o. O ladrão rouba-o. Todo mundo ambiciona o dinheiro.Maluco que arremessa pacote de dinheiro pela janela era jabuticaba jamais vista. Súbito, brota nas adubadas cercanias de Romero Jucá.Os R$ 100 mil do matagal permanecem retidos. Por ora, ninguém se animou a reivindicar o numerário. Espanto (!), pasmo (!!), estupefação (!!!).Torça-se para que o STF autorize a continuidade das apurações. Do contrário, ficará entendido que, em Roraima, dinheiro dá em moita. E não haverá quem segure a migração. - O blog no twitter. Escrito por Josias de Souza às 07h30

Honóris Causa pela UFBA, grande merda...

               Dirceu Ayres
Só em um país de gente muito burra alguém iria acreditar que os manifestantes que foram a UFBA para protestar e vaiar o EX presidente Defuntus Sebentus acabaram pedindo autógrafos ao mais novo "Honóris Causa" da sucateada universidade federal da Bahia.É óbvio e está mais do que na cara que levaram uma bandalha da UNE para fazer de conta que estavam protestando e no final o "magnetismo pessoal" do presidente falou mais alto e os estudantes acabaram fazendo uma festa com direito até de chupada nas bolas do Sebento.Toda essa encenação foi premeditada com a ajuda da imprensa amestrada por conta dos últimos acontecimentos onde o Sebento e o Haddad foram vaiados na USP e no ABC. Então para dar uma "alisada" na situação do Sebento, a UNE e os bate paus do PT montaram essa farsa na tentativa de iludir o povão e mostrar que o piloto de provas de alambique ainda é "o cara".Tudo isso aconteceu na Bahia onde o governador faz parte da turma dos capachos do PT. As Ratazanas Vermelhas continuam montando o circo das ilusões sempre com a intenção de mascarar a realidade e tapear o eleitor burro e morto de fome da "POCILGA BRASILIS" E cá entre nós, um título de Honóris Causa vindo de uma universidade que é reduto dos esquerdofrênicos da Bahia só mostra o quanto existe de farsa, mentira e hipocrisia naquela instituição. Uma universidade que está totalmente sucateada nas suas instalações deveria é pedir recursos para melhorar as condições do Campus e não perder tempo e jogar dinheiro fora com homenagens xinfrins para promover político safado. Honóris Causa da UFBA?Grande merda né?

“Bispo” Macedo é investigado por lavagem de dinheiro nos EUA e na Venezuela

         Dirceu Ayres
“Bispo” Macedo é investigado por lavagem de dinheiro nos EUA e na Venezuela — nesse caso, dinheiro seria do tráfico de drogas Se Deus vai perdoar Edir Macedo, isso não se sabe. Quem somos nós para especular sobre o Juízo Divinal, não é mesmo? Mas que a lei dos homens começa a enroscar com o autoproclamado “bispo”, ah, isso começa. O Ministério Público Federal o acusa de “organizador de atividade criminosa” e de praticar evasão de divisas, lavagem de dinheiro, estelionato e falsidade ideológica. O não-pagamento de R$ 10 milhões de aluguéis atrasados resultou na penhora da sede da TV Record no Rio. O repasse de dinheiro da Igreja Universal para a televisão é crescente — chegou a R$ 430 milhões em 2010 —, mas o Ibope empacou nos sete pontos na Grande São Paulo e dali não sai desde 2009. Mas não é só no Brasil que a barra está pesando para o bispo. Leia trecho de reportagem de Laura Diniz e Otávio Cabral na VEJA desta semana. (…)Na última década. Macedo expandiu seus empreendimentos para fora do Brasil, abrindo templos da Universal em 170 países e criando a Record Internacional. A expansão internacionalizou suas dificuldades com a lei. Como grande parte das doações passa pelos Estados Unidos, promotores americanos o investigam por lavagem de dinheiro. Até a Venezuela anda preocupada. Em pedido de cooperação enviado ao Brasil, promotores daquele país relatam que o bispo é alvo de uma investigação de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Os venezuelanos citam a acusação feita por um ex-pastor da Universal que viajou à Colômbia em 1989 para obter recursos com um traficante do Cartel de Cali. Voltou de jato fretado para o Brasil e a soma, segundo ele, foi usada para a compra da Record. Como o mesmo grupo de religiosos difundiu a Universal na Venezuela, as autoridades de lá temem que as igrejas estejam sendo usadas para lavar dinheiro.”Estamos na presença de uma organização criminosa internacional que também atua na Venezuela”, justificam os promotores, que pedem cópia de todas as investigações brasileiras relacionadas a Macedo.(…) Leiam íntegra da reportagem na edição impressa da revista. por Reinaldo Azevedo