quarta-feira, 8 de agosto de 2012

PT acha que Mensalão não traz desgaste eleitoral. Afinal de contas, é só roubo de dinheiro público, caixa dois, corrupção...


        Dirceu Ayres

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República) disse ontem que se decepcionarão aqueles que apostam no julgamento do mensalão como um instrumento de desgaste eleitoral do PT e de seu projeto político. Até então comedido nos comentários -dentro de estratégia fixada pelo PT para minimizar o impacto eleitoral do julgamento- Gilberto Carvalho decidiu sair da defensiva. Suas declarações foram dadas um dia depois da visita da presidente Dilma Rousseff ao antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo. "Temos convicção de que aqueles que apostam nesse processo como um desgaste desse projeto político se decepcionarão", disse Carvalho, comparando o cenário político atual ao da eleição de 2006. Naquele ano, Lula foi reeleito presidente apesar da CPI para investigar o mensalão. "Se decepcionarão (sic) muito aqueles que apostam em tirar um proveito, e que parcializam os julgamentos e as opiniões, pensando que isso poderá gerar um grande prejuízo, inclusive eleitoral", afirmou Carvalho. O PT tem em mãos duas pesquisas de opinião para mensurar os danos à imagem do partido decorrentes do julgamento. A primeira pesquisa, feita pela cúpula do partido antes do início do julgamento, revelaria desinteresse do eleitor pelo assunto. Já a consulta realizada pelo comitê da campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo diz que a aprovação do governo Dilma Rousseff não foi abalada pela primeira semana de maratona no Supremo Tribunal Federal. No Instituto Lula e no governo, contudo, a recomendação é que o julgamento seja acompanhado de forma discreta, visando, nas palavras de um interlocutor do ex-presidente Lula, "fechar o capítulo". No Palácio do Planalto, a diretriz é semelhante: manter a aparência de calma. "A ordem da presidente Dilma é para que ninguém perca um minuto do seu trabalho vendo ou acompanhando o processo. Que se informe naturalmente nas horas vagas, mas que siga trabalhando com o maior rigor", disse Carvalho. Apesar da orientação de Dilma para que os ministros não permitam que o caso paralise o governo, a Esplanada dos Ministérios engrossa a audiência da TV Justiça, que transmite a sessões ao vivo. A começar pelo próprio Planalto. Na semana passada, Dilma assistiu a sessões acompanhadas por assessores jurídicos. Na tarde de segunda-feira, pouco antes de uma reunião com o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a ministra Ideli Salvatti mantinha duas TVs ligadas em seu gabinete. Uma exibia a Olimpíada. A outra mostrava o julgamento. O próprio Lula elogiou ontem, em conversas, o desempenho dos advogados de defesa dos réus do mensalão. Ainda nesta semana, Lula deverá participar de atividades de campanha com Fernando Haddad. Além de gerar imagens da dupla para a TV, tornando o candidato mais conhecido, a iniciativa ajuda a equilibrar a pauta dos telejornais, muito concentrada no julgamento do mensalão. (Folha de São Paulo)

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