quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A reabertura do baú de Valério mostra que os figurões do PT só confiam em bandido mudo


         

    Dirceu Ayres

Publicado em 26 de agosto, o post reproduzido na seção Vale Reprise advertiu que a mais explosiva caixa preta do Brasil poderia tornar ainda mais sombrio o horizonte dos passageiros do mensalão.“Marcos Valério ameaçou abrir o bico caso ficasse sozinho no barco a caminho do naufrágio”, alertou o título. Os dois parágrafos finais evocaram os sinais de perigo: “Depois da primeira prisão preventiva, Marcos Valério avisou mais de uma vez que (…) afundaria atirando ─ e tinha balas na agulha tanto para mensaleiros juramentados quanto para Lula. Nesta semana, com um recado em código, o advogado Marcelo Leonardo valeu-se de uma linguagem codificada para reiterar as ameaças do cliente: ‘Quero ver o que o tribunal vai decidir sobre os políticos’, disse Leonardo depois da condenação de Valério pelas maracutaias envolvendo o Banco do Brasil. Tomara que Valério reaja ao risco do naufrágio solitário com o cumprimento da promessa. Tomara que conte tudo, do mensalão mineiro à roubalheira imensa descoberta em 2005. Tomara que não poupe nenhuma das figuras com as quais contracenou, de Eduardo Azeredo a José Dirceu, de Clésio Andrade a Lula. O tumor da corrupção impune assumiu dimensões tão perturbadoras que talvez só possa ser lancetado por um quadrilheiro de grosso calibre. Alguém como Marcos Valério”. O depoimento à Procuradoria-Geral da República, parcialmente divulgado pelo Estadão desta segunda-feira, comprova que Valério começou a cumprir a promessa. E deixou claro que o volume de segredos armazenados na memória não cabe numa caixa preta convencional: exige um baú. Pelo histórico do operador do mensalão, é provável que o depoimento tenha misturado muitos fatos com alguma fantasia. Não será difícil separar o real do imaginário: Para separar o real do imaginário, basta que o Ministério Público e a polícia cumpram seu dever ─ e investiguem com isenção e coragem o que Valério contou. Previsivelmente, a seita lulopetista já decidiu que é tudo mentira e faz o que pode para desqualificar o velho parceiro. “Não se pode confiar numa pessoa dessas”, recitou Rui Falcão, presidente do PT. Não explicou quando e por quais motivos ocorreu a quebra de confiança que foi incondicional entre 2002 e meados de 2005. Até a descoberta do esquema do mensalão, nenhum dirigente do partido ousou duvidar do publicitário mineiro., Autorizado pelo PT, o bandido amigo movimentou malas de dinheiro e contas bancárias, rubricou e assinou empréstimos de bom tamanho, distribuiu propinas e abriu contas em paraísos fiscais ─ uma das quais se prestou ao acerto financeiro com o marqueteiro do rei, Duda Mendonça. Decerto não foi a condenação imposta pelo Supremo Tribunal Federal que transformou Valério “numa pessoa dessas”. Ele não é mais bandido que José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e outras obscenidades que continuam a merecer da seita lulopetista, mais que confiança, um respeito reverencial. Enquanto permaneceu de boca fechada, Valério pareceu muito confiável aos olhos dos figurões da seita lulopetista. Perdeu a credibilidade quando começou a falar. O PT tem muito apreço por bandidos mudos. A Justiça deve dar tratamento preferencial aos que falam. A delação premiada existe para encorpar a voz dos que sabem muito. Em matéria de quadrilhas protegidas por governantes brasileiros, ninguém sabe mais que Marcos Valério. Direto ao Ponto Augusto Nunes

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