sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Os culpados



     Dirceu Ayres


Sem que se queira, algumas imagens nos perseguem pela vida. Tenho algumas: a coxa de um motoqueiro rasgada em um acidente; uma briga feia, de socos, entre dois senhores gordos. Outras duas saíram do mesmo lugar: da região de Petrolina, em Pernambuco, curral eleitoral do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (PSB). De uma cabra morta dentro de um barril azul, com olhos esbugalhados e sem o couro, vísceras cercadas de moscas. Carne salgada de um morador sem eletricidade ou água encanada. Outra, do rosto desesperado de um sujeito, morador de uma casa de taipa, também sem água, cujo filho morreu. Ele nem sabia dizer como. Adoeceu, foi ao posto de saúde e saiu de lá morto. Pernambuco é a cara do Brasil. Cresce como nenhum outro Estado em meio a um boom industrial e imobiliário. Mas conta com uma das elites mais atrasadas do país. Daquelas que usam o Estado e o dinheiro público como propriedade privada. Sem que ninguém faça nada a respeito. Fernando Bezerra é um ícone: privilegiou seu curral pernambucano com o grosso das verbas de "seu" ministério; fez do filho o maior beneficiário de emendas de "sua" pasta; loteou a Codevasf (que deveria levar água a Petrolina e região) com irmão e amigos; comprou um mesmo terreno duas vezes em Petrolina com dinheiro público; e fechou contrato com empresa de correligionário pelo maior preço. Bezerra é funcionário público, assalariado do Estado, e tem uma chefe direta, a presidente Dilma Rousseff. Há menos de dois anos, em Pernambuco mesmo, Dilma era quase uma desconhecida. Era chamada de Vilma pelos que tinham, de orelhada, ouvido falar "da mulher de Lula". Meses depois, na eleição de 2010, o Estado daria à hoje presidente uma das maiores votações proporcionais no país. Dilma foi praticamente ungida à Presidência pelo seu padrinho Lula. E não tem nenhuma das características clássicas dos políticos brasileiros que enojam tantos eleitores. Está muito bem avaliada e poderia, se quisesse, tentar trazer a política brasileira para um outro patamar. Mas ela não parece disposta a isso. Seu tempo está passando. A conversa da "governabilidade" vai aprisionando Dilma. Meia dúzia de ministros saíram de seu governo não porque ela quisesse. Ao contrário, foram mantidos até cair de podres, denunciados pela imprensa. Assim como Barack Obama nos EUA, Dilma talvez tivesse condições de chacoalhar as coisas de uma maneira mais honesta. Talvez ela não seja uma política bastante habilidosa para isso, como Obama não foi. Mas Dilma não deixa de ser responsável pelo que fazem seus subordinados diretos.*Texto por Fernando Canzian, repórter especial da Folha . Foi secretário de Redação, editor de "Brasil" e do "Painel" e correspondente em Washington e Nova York. Ganhou um Prêmio Esso em 2006. É autor do livro "Desastre Global – Um ano na pior crise desde 1929". Escreve às segundas-feiras na Folha.com. BLOG DO MARIO FORTES

PETISTAS, ONGUEIROS E PADRES BELZEBUS ABENÇOAM ANARQUIA EM SP, CIDADE AMEACADA DE VIRAR MAIOR CRACOLÂNDIA DO PLANETA!




     Dirceu Ayres

Polícia paulista fez retrato falado de Padre Belzebu sentado sobre pedras de crack na cracolândia em apoio aos viciados e contra a ação policial O incansável Reinaldo Azevedo, fustiga em seu blog, com precisão, a petezada, ongueiros e outra figura inédita: os "padres belzebus", que abençoam a cracolândia em São Paulo, pisoteiam a lei e a ordem e estigmatizam a polícia. Na pequena enquete aqui no blog no topo da coluna ao lado, 97% dos que votaram são a favor da ação da PM comandada pelo governo de São Paulo em parceria com a Prefeitura. É uma amostragem anêmica, concordo, porém a capilaridade deste blog e sua abrangência é de nível nacional e internacional. Quem quiser pode acompanhar pela ferramenta Feedjeet, na coluna abaixo. Está aberta a todos que queiram conferir a movimentação dos acessos ao blog. A amostragem é diminuta mas revela, por certo, uma tendência, destacando-se que o blog possui expressivo número de leitores de São Paulo. Transcrevo o post do Reinaldo que dá a medida exata do que acontece em São Paulo. Se o PT vencer a eleição municipal esta extraordinária metrópole se transformará na maioria cracolândia do planeta. Leiam: Petistas, ongueiros, padres belzebus, jornalistas, consumidores recreativos de drogas… Toda essa gente se juntou para atacar a Polícia Militar em São Paulo, em sua correta ação na cracolândia, falando em nome de um novo código: o “Drogadamente correto”. A exemplo do “politicamente correto”, também esse é um código fascistóide, que pretende impedir as pessoas de pensar em nome de supostas verdades consolidadas, que são nada mais do que escolhas políticas e até ideológicas. Não existe o “drogadamente correto”. Existem o legal e o ilegal. É claro que doentes têm de ser tratados — a menos que, na suposição de que possam escolher, eles não queiram. Se não tiverem mais poder de escolha, que se escolha por eles, segundo os direitos fundamentais garantidos pela Constituição (também os direitos de quem não se droga!!!). Em qualquer dos casos — com ou sem poder de escolha —, viciados não podem sitiar em suas casas os que não partilham de seu vício nem são responsáveis por sua doença. Eis a questão que aquela gente não entendeu: os códigos regulam também a vida dos drogados; não serão os drogados a regular a aplicação dos códigos. Ou é assim, ou é a volta ao estado da natureza, como se via na cracolândia.

Onde está Fernanda?



       Dirceu Ayres


Depois de assinar contrato com revista para posar nua, a irmã de Marcela Temer, a vice-primeira-dama, some e desiste das fotos, misteriosamente Quando decidiu posar nua para a revista PLAYBOY, em abril, Fernanda Tedeschi Araújo estava radiante: tomou champanhe enquanto assinava o contrato e falou dos planos de comprar um apartamento. Até deu uma ideia para as fotos, a de posar de trança, o mesmo penteado que Marcela, sua irmã, usou no dia em que o marido dela, Michel Temer, tomou posse como vice-presidente da República. Ex-aeromoça e, hoje, estudante de direito, Fernanda passou a fazer dieta e a se exercitar durante duas horas todos os dias, pensando nas fotos. "Estou malhandooo horrores. Estou preparadíssima!!! Quero muitooo fazer o ensaio", escreveu Fernanda em uma rede social. A pessoas mais próximas, dizia que o cunhado Temer não estava gostando nada da história. "Mas eu vou até o fim. Não é justo perder um contrato por causa desse parentesco", confidenciou, em meados de abril. Cinco meses depois, em setembro, Fernanda posou para uma seção da PLAYBOY chamada Happy Hour, que costuma anunciar as futuras estrelas de capa – uma espécie de "aperitivo". Na ocasião, VEJA, que, assim como PLAYBOY, é publicada pela Editora Abril, antecipou uma das fotos da seção, tal como estava previsto em um segundo contrato, também assinado por Fernanda. Em entrevista a VEJA, ela falou sobre os preparativos para o grande dia e o sonho de virar artista. A partir de então, algo estranho começou a acontecer. Fernanda não respondia mais aos telefonemas nem aos e-mails em que a equipe de PLAYBOY a avisava sobre a data das fotos de capa no começo de novembro, destinadas ao número de fim de ano. Finalmente, em 28 de outubro, Fernanda se manifestou através de uma carta à revista, comunicando que havia desistido de posar. Algumas mulheres famosas vacilam depois de se comprometer a posar em estado natural, receosas da reação familiar ou em dúvida, sem fundamentos, sobre a própria beleza. Não parecia ser o caso de Fernanda. Em agosto, sugeriu a uma das pessoas envolvidas com suas futuras fotos: "Estava pensando em tirar as fotos em um iate. Chique, né?". O departamento jurídico da Editora Abril notificou Fernanda pelo descumprimento do contrato e pede agora a ela que pague uma multa de 60% do valor que receberia pelas fotos, além de compensação por perdas e danos. O clima é de pesar. Primeiro, sumiu de vista a deslumbrante Marcela Temer – depois do estrondo na posse, ela apareceu em público apenas uma vez, durante o lançamento de um programa de saúde do governo Dilma. Agora, outra beldade da família Tedeschi se retira. Não é possível imaginar que um único brasileiro lucre com essa desistência. Nem um.

Filho de Bezerra, Bezerra é.




                  Dirceu Ayres

Um lobista de empreiteiras que obtiveram contratos com o Ministério da Integração Nacional trabalha no gabinete do filho do ministro Fernando Bezerra, o deputado Fernando Coelho (PSB-PE). Emendas apresentadas pelo deputado ao Orçamento de 2011 asseguraram R$ 1,8 milhão em recursos da pasta para duas construtoras representadas pelo lobista, Aerolande Amós da Cruz. Em maio de 2008, o filho do ministro solicitou à Prefeitura de Petrolina a cessão de Aerolande por meio do ofício 345/2008. A autorização foi dada 12 dias depois. O deputado, contudo, não informou à Câmara dos Deputados esse fato. Por isso, não existem registros de que o lobista trabalhe ou tenha trabalhado formalmente no gabinete do deputado. A Prefeitura de Petrolina confirmou que Aerolande está cedido para o gabinete do deputado Fernando Coelho desde 2008, com salários pagos pelo município. A Folha esteve em Petrolina e também ouviu de empresários, empregados e políticos locais a afirmação de que Aerolande trabalha para os Coelho e para as empresas. Segundo a assessoria da Câmara, o procedimento adotado pelo deputado fere as regras da Casa. A transferência de Aerolande só poderia ter ocorrido após solicitação formal do presidente da Câmara. E não há registros de que isso tenha ocorrido. A Folha procurou o lobista no gabinete do deputado em Brasília na terça à tarde. Um funcionário que atendeu ao telefone disse que ele "trabalha no gabinete do deputado em Petrolina". A pessoa que atendeu a ligação no gabinete de Petrolina desligou o telefone ao ser perguntada sobre Aerolande. Filiado ao PSB, Aerolande começou a trabalhar com Fernando Bezerra em 1993, quando o hoje ministro estava no primeiro mandato como prefeito de Petrolina. Ele costuma acompanhá-lo em suas viagens à cidade. Aerolande entrou por concurso na Prefeitura de Petrolina, onde é auxiliar de serviços gerais e recebe gratificação de um salário mínimo. As empreiteiras beneficiadas com as emendas de 2011 são a Evel Terraplanagem e a CSSA Construtora São Salvador. Os contratos foram feitos pela estatal Codevasf, vinculada ao Ministério da Integração e presidida até semana passada por Clementino Coelho, irmão do ministro. Há uma terceira empresa que conta com os serviços de Aerolande, a Solo Construções. As três empresas obtiveram contratos de R$ 8,6 milhões da Integração em dezembro, após licitação, para obras na região de Petrolina. Nas últimas semanas, Bezerra foi acusado de usar o ministério para favorecer parentes e dar preferência a sua base eleitoral na distribuição de recursos da pasta. O ministro nega ter privilegiado seu Estado e foi chamado pela presidente Dilma Rousseff para dar explicações. Apesar disso, ele não tem sido tratado como alvo da reforma ministerial. O Planalto saiu em sua defesa, preocupado em não prejudicar a relação do governo com seu partido, o PSB.(Folha de São Paulo)