quinta-feira, 15 de março de 2012

Chore por nós, presidente.

                  
    Dirceu Ayres

Uma reportagem desta edição de VEJA mostra que os dois governos do PT, o de Lula e o de Dilma Rousseff, serão lembrados como aqueles em que nunca antes neste país tantas lágrimas foram derramadas, tantos sapos engolidos e tantos rapapés feitos aos piores personagens da política nacional em nome da manutenção da maioria parlamentar e seu corolário, a governabilidade. As lágrimas públicas de Dilma ao tirar um petista, Luiz Sérgio, do Ministério da Pesca, para, em troca de apoio, entregar a pasta ao evangélico Marcelo Crivella, no início do mês, ilustram esse calvário. Os governos petistas serão lembrados também por terem sido pragmáticos e eficientes conquistadores de folgadas maiorias de sustentação na Câmara dos Deputados e no Senado. Mas será também difícil esquecer o fato de que, uma vez no controle quase absoluto do Congresso, ficaram sovinamente em palácio contando votos a favor em vez de usar o poder amargamente amealhado para fazer as reformas pelas quais o Brasil clama para atingir todo o seu magnífico potencial de progresso. É de chorar. Com picos de mais de 70% de parlamentares alinhados, o governo poderia facilmente aprovar modificações na Constituição capazes de tomar o Brasil um país menos hostil a quem trabalha, empreende e investe. Quem poderia se opor a um Executivo com maioria tão sólida que arregaçasse as mangas e fosse à luta enfrentar interesses corporativos para reformar as leis trabalhistas brasileiras dos tempos do fascismo e, assim, baratear o custo da mão de obra, incluindo na economia real dezenas de milhões de pessoas que hoje ganham seu sustento na ilegalidade tolerada sob o eufemismo de informalidade? Que resultados extraordinários e rápidos obteria um governo com tanto poder se decidisse acabar com a injustiça tributária, cuja voracidade e complexidade castigam com igual ímpeto o prato do pobre e o consumo de alta tecnologia. Quanta diferença faria ter ao lado da sociedade um governo disposto a reduzir o gigantismo do estado ou a fazer a reforma política, apoiando a implantação do voto distrital nas capitais e, assim, diminuindo as oportunidades que hoje se escancaram aos corruptos. Mas não temos. Isso é de chorar. VEJA - 11/03/2012

A mentira e a verdade na fala do ex-presidente Collor.


       Dirceu Ayres

“O Planalto precisa ouvir a Casa do lado. Digo isso com a experiência de quem, exercendo a Presidência da República, desconheceu a importância da Câmara e do Senado. O resultado deste afastamento do Legislativo Brasileiro redundou no meu impeachment.” Esse é um conselho do senador Fernando Collor (PTB-AL) à presidente Dilma Rousseff, segundo informa Gabriela Guerreiro, na Folha Online. Que coisa, hein? Governo que recebe conselho de Collor, que é da base aliada, não vai bem. A fala do ex-presidente tem lá a sua graça porque concentra verdade e mentira em doses iguais. Ela é falsa quando ele se refere ao próprio governo; se pensarmos em Lula… Explico. Collor tenta nos fazer crer que caiu, coitadinho, só porque não cedeu a chantagens do Congresso. Errado, valente! Lembra-se de PC Farias, do Morcego Negro, da Tratoral, da Operação Uruguai, daquele quase prosaico Fiat Elba, do desastre na economia? Falo, assim, palavras mais ou menos soltas, que me vêm à lembrança. E havia uma parcela expressiva da população na rua — incentivada, em parte, pelo PT, em cuja base Collor está hoje. Mas vamos pensar no governo Lula. As lambanças da era Collor, em confronto com tudo o que se viu no mensalão, evidenciavam um esquema amador. Há quem diga que é contraste entre o assalto ao estado promovido por um grupo e o promovido por um partido, por um sistema. Parece-me uma boa hipótese de trabalho, de alcance até acadêmico. Quem salvou Lula do buraco? Em boa parte, justamente o aspecto mais nefasto da “profissionalização” do lulo-petismo, que compreende, sim, a cooptação do Congresso. Há outras diferenças, estas geralmente supervalorizadas pelos “inteliquituais” ligados ao PT, como a popularidade do Apedeuta, bem maior do que a de Collor, e a qualidade da economia. O tal caçador de marajás levou o país à ruína. Vamos ver. Dilma ainda é bastante popular, e não se pode dizer que os aspectos mais deletérios do seu governo tenham ganhado já uma tradução popular. Nem mesmo estou certo de que venham a ganhá-la até a eleição de 2014. Então, o que é que está pegando? *Por Reinaldo Azevedo BLOG DO MARIO FORTES

A MEMÓRIA DOS ANOS DOURADOS DA MÚSICA NUMA ENTREVISTA AO PROGRAMA DO COMUNICADOR NERI CONTE, NA TV RBA EM RIO DO SUL (SC)

                     

    Dirceu Ayres

Ernani Gadotti, este blogueiro e sua irmã Maria da Graça e o apresentador Neri Conte, no estúdio da TV-RBA, na cidade de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, aqui em Santa Catarina. Caríssimos leitores. Com informei em post mais abaixo tive que dar um tempo nas postagens para que pudesse submeter a minha estação de trabalho a uma merecida faxina. Nesse interregno fui convidado para uma entrevista na TV RBA - Rede Bela Aliança, da cidade de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, aqui em Santa Catarina. É a minha cidade natal e fazia um bom tempo que não a visitava. O convite partiu de um grande amigo comunicador rio-sulense Neri Conte, que possui um excelente programa semanal com entrevistas em tom descontraído denominado Na Boca do Povo, que registra grande audiência em todo o Alto Vale do Itajaí alcançando alguns municípios da região serrana catarinense em direção a Lages. A pauta da entrevista teve origem no fato de que eu e mais três amigos rio-sulenses criamos, quando eramos apenas quatro jovens, uma banda de rock que marcou época nessa cidade nos anos de 1965 a 1967, inspirada na beatlemania que sacudiu o mundo ao som do ye, ye, ye comandado pela imortal banda inglesa The Beatles. O nome da nossa banda era The Singles, uma jogada com o inglês, pois a palavra singles quer dizer solteiro, único, mas que não poderia ser expressada dessa forma em inglês correto. O comunicador Neri Conte quis então relembrar os anos dourados do rock em seu programa mostrando para os telespectadores como era a cidade de Rio do Sul nos anos 60 do século passado, resgatando as histórias que envolveram a nossa banda, as dificuldades e os desafios de criá-la numa então pequena cidade do interior catarinense. E o fato mais notório dessa história é que em 1965, The Singles venceu um festival estadual realizado em Florianópolis, sendo escolhido com a melhor banda de rock naquele ano, o que projetou Rio do Sul no cenário catarinense. Durante a entrevista foram mostradas diversas fotografias da banda e o Neri Conti, com muita criatividade e bom humor, revirou o baú da memória cultural rio-sulense e nós o ajudamos, de algum jeito, a relembrar fatos e episódios dos quais tivemos a felicidade de ser protagonistas. A banda era formada por este blogueiro na guitarra solo; pelo hoje grande fotógrafo Zenóbio Tomio, na guitarra base; pelo empresário e hoteleiro Ernani Gadotti no contrabaixo e gaita de boca e Gilberto Tensini na bateria. O grande amigo e companheiro Tensini, que se tornou mais tarde comandante aviador, faleceu há uns três anos. Nesta entrevista Zenóbio, que mora em Salvador na Bahia, não pôde vir. Assim, participaram o Ernani Gadotti, que atualmente mora em Balneário Camboriú e eu. Minha irmã Maria da Graça, que aparece na foto acima, nos acompanhou na viagem, já que ela também testemunhou e compartilhou aqueles bons momentos da banda, numa época em que éramos nada mais que pós-adolescentes cheios de idéias e planos e que hoje temos a felicidade de viver, um futuro que jamais poderíamos intuir que acontecesse. Ao longo do bate-papo o Gadotti deu uma palhinha na gaita de boca com algumas músicas dos Beatles e eu levei a valente e heróica guitarra Giannini, ano 1965, em perfeito estado de conservação com a qual hoje me dedico mais ao jazz e à bossa nova, com aulas semanais com o meu amigo e grande guitarrista e excelente jazzista Cássio Moura, aqui em Florianópolis. Logo ao chegar a Rio do Sul, o amigo e colega jornalista Orlando Pereira, editor chefe do jornal diário Folha do Alto Vale, que cobre toda a região nos recebeu na redação para um entrevista. Fiquei surpreso com a excelência do jornal e suas instalações e o dinamismo de seus jornalistas. Posteriormente o comunicador Neri Conte fará postagem da entrevista no YouTube, quando então poderei compartilhar com os honrados leitores que me acompanham aqui no blog, no Twitter e no FaceBook. Desejo registrar aqui de coração os meus melhores agradecimentos ao grande Neri Conte, já consagrado como popular e prestigiado animador cultural do Alto Vale do Itajaí. Também dedico especial agradecimento ao grande amigo Rubens Gonçalves, competente empresário diretor da Rede Bela Aliança de Comunicação, que inclui além da RBA TV, a Rádio Mirador AM e FM, que nos recebeu de forma gentil e carinhosa. Devo ressaltar que foi com enorme satisfação e alegria que pude constatar que Rubens, seus irmãos Renê e Rejane dão prosseguimento e fazem crescer essa empresa fundada pelo pai, o saudoso radialista Osni José Gonçalves, um empresário pioneiro, cuja generosidade faço questão de ressaltar, porque quando formei com os meus amigos a banda, em inúmeras oportunidades Osni José Gonçalves emprestou os discos do arquivo da emissora para que pudessemos ouvi-los para retirar os arranjos e a harmonia. Até caixas acústicas pertencentes à rádio Mirador, Osni cedeu para o então florescente grupo musical poder se apresentar. Valorizo como ouro puro os gestos de amizade e carinho que para mim serão sempre inesquecíveis pois têm lugar especial na minha memória. E lá se vai quase meio século dessa nossa empreitada musical que, por incrível que possa parecer, continua sendo lembrada por todos que puderam curtir conosco aqueles momentos de ruidosa alegria num tempo de paz, onde imperava o respeito, as boas maneiras e, porque não, a música popular de excelência. Os anos 60 do século passado foram generosos na produção da genialidade expressada sobretudo no jazz, no rock e também marcaram o aparecimento da bossa nova que acabou sendo o mais civilizado, elegante e sofisticado emblema do Brasil. Finalmente, cabe destacar que a cidade de Rio do Sul, que foi manchete dos jornais no ano passado, no episódio da grande enchente da bacia do Rio Itajaí Açu, já está completamente restaurada. Quem viu as fotos dessa pujante cidade submersa pelas águas não acredita no que aconteceu. Rio do Sul é um dos municípios que mais cresceu nos últimos anos em Santa Catarina. Fazia pelo menos uns cinco anos que não o visitava e me surpreendi. Voltei de lá orgulhoso. Meus conterrâneos estáo fazendo bonito. A cidade está linda! Valeu Neri Conte. Vamos estabelecer um link permanente entre o blog, Rio do Sul e a valorosa e pioneira TV RBA!(A. Amorim)

Quando balança, chame Kakay

                
      Dirceu Ayres

Kakay é o apelido do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, grande amigo do consultor de empresas privadas José Dirceu. Daniel Dantas ficou especialmente interessado na compra da IstoÉ depois de uma conversa com aquele que Veja classificou em matéria do dia 8 de setembro de 2004 de o “resolvedor da República”. Segue em azul o texto da revista. Em Brasília, quando a casa cai, o negócio é chamar o Kakay. É assim, com esse apelido que soa como nome de passarinho polinésio, que é conhecido o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro. Sócio do restaurante Piantella, freqüentado por personalidades dos três poderes, Kakay é petista e amigo do ministro José Dirceu, com quem passou as últimas férias em Cuba. Rico, ele não deixa que a ideologia atrapalhe os negócios e tem tanto sucesso atuando nos tribunais superiores que já mereceu o título de “resolvedor-geral da República”. Ao longo de sua carreira, Kakay, 46 anos bem conservados em ternos caros que ele veste com uma elegância típica, advogou algumas vezes para o PT, sua legenda de coração, mas também defendeu figurões do PFL, como Roseana Sarney, empreiteiras como a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, e acusados de corrupção como o banqueiro Salvatore Cacciola e a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello. Ele próprio não se considera brilhante. É o primeiro a dizer que é “apenas um advogado competente”. Colegas e clientes concordam com os dois julgamentos. Formado pela Universidade de Brasília, Kakay não tem mestrado, doutorado nem artigos acadêmicos publicados. Em compensação, teceu uma rede de relações sociais e profissionais com os nomes que contam na República. Ciente do valor das boas amizades, cultiva-as com afinco. Diz que jamais cobra honorários de amigos. Prefere sua gratidão. O senador Antonio Carlos Magalhães está entre as pessoas atendidas por ele. “Eu me sinto em dívida com o Kakay”, diz. O advogado, conta ACM, orientou-o quando, há três anos, foi acusado de violar o painel de votação do Senado. O sucesso de Kakay fez brotar uma série de explicações para seu desempenho jurídico. Ele desgosta, particularmente, de quem diz que sua qualidade profissional é saber usar o recurso do “embargo auricular” – uma espécie de dispositivo jurídico ausente dos manuais de direito, mas de grande eficácia. Em resumo, a popular “conversa ao pé do ouvido”. Um ex-figurão do governo FHC é quem mais usa a expressão para definir o advogado Almeida Castro. Com uma idade em que a maioria de seus pares ainda luta para se estabelecer entre os melhores, Kakay já produziu feitos notáveis. O mais recente foi ter conseguido receber 16 milhões de reais da Caixa Econômica Federal como pagamento por uma causa em que não atuou oficialmente, uma pendenga judicial que já durava 25 anos. O caso é complexo, mas pode ser resumido como se segue. A Funcef, fundo de previdência dos funcionários da instituição, alegava que a Caixa lhe devia 3,6 bilhões de reais. Em dezembro de 2002, ainda sob o governo Fernando Henrique Cardoso, o banco ofereceu à Funcef um acordo mediante o qual propunha a redução da dívida para 2,7 bilhões e pagamento à vista. Em abril de 2003, já com o PT na direção da Caixa e na presidência da Funcef, o acordo foi homologado sob protesto de funcionários. Embora os membros do conselho deliberativo da Funcef eleitos pelos funcionários tenham rejeitado o acordo, o voto de Minerva foi de seu presidente, indicado pelo banco. “A homologação judicial foi feita sem as consultas de praxe e aconteceu em tempo recorde”, reclama o advogado Eymard Loguércio, um dos representantes dos funcionários. Mais inusitado do que a celeridade com que se resolveu uma briga de mais de duas décadas foi o que ocorreu em seguida. O advogado da Caixa, José Augusto Alckmin, recebeu, a título de honorários pelo acordo, uma bolada de 32 milhões de reais – e deu metade a Kakay. Oficialmente, ele nada teve a ver com o processo e seu nome não consta dos autos. O que o levou a merecer os 16 milhões? Ele diz que foi convidado em 1997 pelo então presidente da Caixa, Sérgio Cutolo, para assumir o caso. Como não é especialista em direito administrativo, indicou o colega Alckmin, que, por gratidão, resolveu dividir o dinheiro com ele. “Eu e Alckmin somos sócios informais. Temos um trato – nos casos que eu indico, dividimos os honorários”, explica o advogado. Cutolo diz não se lembrar de ter convidado Kakay para assumir a ação da Funcef. “Posso até tê-lo consultado, mas não o convidei”, afirma Cutolo. Kakay se define como “meio boêmio” e diz que as pessoas perdoam tudo, “menos a felicidade dos outros”. Gosta de beber bons vinhos e de presentear os amigos com rótulos famosos. No Natal passado, ele deu a José Dirceu uma garrafa de Almaviva, um tinto poderoso feito pela vinícola chilena Concha y Toro em colaboração com a casa francesa Rothschild e que custa cerca de 400 reais a garrafa. Nascido em Patos de Minas, de onde saiu aos 19 anos, ele é casado pela terceira vez e tem dois filhos. Com pendor para a poesia e generoso, levou recentemente os parentes para passar as férias em Paris. Além da casa de 1.100 metros quadrados que está construindo à beira do Lago Sul, tem outra, no mesmo bairro, e um apartamento na Asa Sul. Ultimamente tem presenteado a si próprio. Deu-se uma lancha e um Mercedes preto – provas do sucesso de um advogado que, em passado não tão remoto, comparecia às audiências de terno jeans. Kakay gosta de lembrar alguns episódios desse período. Diz sempre que começou a carreira ajudando a reabrir casos como o do deputado federal Rubens Paiva, desaparecido no regime militar – embora a viúva de Paiva, Eunice, garanta nunca ter ouvido falar dele. “Tem sempre um advogado querendo explorar a memória do meu marido”, diz Eunice. Kakay é devotado aos amigos. Recentemente, fechou o restaurante Parigi, em São Paulo, para João Carlos Di Genio, dono do Colégio Objetivo, e toda a sua comitiva. Em março, espera-se uma festa de arromba para a inauguração da nova casa do Lago, que, graças à moderna Ponte Juscelino Kubitschek, está a cinco minutos do Palácio do Planalto – que ele diz não freqüentar há seis meses. Reinaldo Azevedo

General alerta para uma "comissão do revanchismo e da inverdade" querendo confrontar a Lei da Anistia.

              
     Dirceu Ayres

Ex-analista do Centro de Informações do Exército (CIEx) e líder do manifesto dos militares da reserva com críticas a integrantes do governo que contestam a Lei de Anistia, o general da reserva Marco Antonio Felício condenou a decisão do Ministério Público Federal de denunciar na Justiça Federal em Marabá o coronel da reserva do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura pelo crime de sequestro qualificado de cinco pessoas na Guerrilha do Araguaia. "Não conheço o fato que deu origem à denúncia e acredito que ele não tenha acontecido. Mas, se o MPF oferecer a denúncia, vai cair no vazio porque a Lei de Anistia é ampla, geral e irrestrita", declarou o general. De acordo com o general, "o major Curió está protegido pela Lei de Anistia, conforme foi ratificado nas declarações do ex-ministro do STF, Luiz Fux". Para ele, a tentativa de reabrir casos de militares "é uma forma de revanchismo de cunho ideológico". Nesta entrevista, concedida por e-mail, e na qual o general pediu para que as suas respostas fossem preservadas na íntegra, ele questiona: "Tendo o Ministro da Defesa tentado proibir e inclusive punir os militares da Reserva e reformados pelo exercício de um direito sagrado, previsto na Constituição Federal, que é o direito da liberdade de expressão, nenhuma das entidades tais como a ABI, ABERT, OAB e a imprensa escrita, falada e televisionada, dentre outras, todas tão ciosas a esse respeito, nada declararam no sentido de que tal direito fosse respeitado", afirma o general Marco Antonio Felício. Como o senhor vê esta tentativa do Ministério Público de reabrir casos de desaparecidos no período militar? Há procuradores que parecem querer acusar militares por acusar, mesmo ao arrepio da lei. Parece uma tentativa de autoafirmação ou revanchismo pleno de viés ideológico. A Lei da Anistia é clara: Ampla, geral e irrestrita e isto foi confirmado, recentemente, quando a OAB, que a havia aprovado em 1979, visando a pacificação da sociedade brasileira, agora, voltando atrás, entrou no STF com ação defendendo interpretação mais clara do Art. 1º no que se refere aos crimes conexos de qualquer natureza, quando relacionados aos crimes políticos. Sem dúvida, pretendia a OAB abrir caminhos, fraturando a tão buscada reconciliação e paz social, para a punição dos agentes do Estado, acusados de crime de tortura. O STF rejeitou a ação, mantendo integralmente a validade da lei. Assim, não há que reabrir casos de desaparecidos no período militar e que eles, procuradores, alegam que se trata de crime continuado e, portanto, segundo eles, não beneficiado pela Lei da Anistia. A Lei da Anistia está em pleno vigor! Repito: Ampla, irrestrita e geral! O senhor já foi chamado por alguém do Comando do Exército para explicar o manifesto ou recebeu alguma punição conforme foi anunciado pela presidente Dilma Rousseff? Não! Por qual razão deveria ser chamado ou punido? Nada fiz de ilegal. O senhor acha que tem fundamento reabrir estes casos? Como o senhor classifica esta iniciativa? É revanchismo? Não há que reabrir. É ferir a Lei da Anistia. É uma forma de revanchismo de cunho ideológico. O senhor acha que o governo deveria desestimular este debate? Estimulá-lo é buscar o confronto com segmentos da sociedade que querem a conciliação e a paz social. Que se busquem os desaparecidos, se é que existam, sem afrontar a Lei da Anistia. Aliás, isso já se faz conduzido pelo Ministério da Defesa, incluso com a participação de militares. Enfatizo, também, que alguns "desaparecidos" já apareceram, "belos e fagueiros" esperando a provável e robusta indenização que receberão. Em alguns países da América Latina os textos das leis de anistia foram revistas e militares estão indo a julgamento e até condenados. O senhor teme que isso possa acontecer no Brasil? O caráter nacional brasileiro é completamente diferente daqueles dos demais países latino americanos, fruto da formação de nossa nacionalidade da qual são as nossas Forças Armadas o verdadeiro berço. São, também, responsáveis pela unidade nacional e liberdade de que, hoje, desfrutamos. Por outro lado, nós militares, de qualquer tempo, não podemos nos esquecer do que está gravado nas paredes do Gabinete do CMT do Exército: "Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora da agressão e da adversidade, cumpriram o duro dever de se oporem a agitadores e terroristas, de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia". O senhor teme que a comissão da verdade conte a história de um só lado? A Comissão, pelas declarações das ministras dos Direitos Humanos e das Políticas para Mulheres, respectivamente, e de outros membros do governo, pela organização da mesma com a indicação de seus membros por quem não pode ser imparcial e pela sua atuação unilateral, visando apenas os agentes do Estado, será a comissão do revanchismo e da inverdade. Há que se dizer da sua inconstitucionalidade. Somente as comissões parlamentares têm, legalmente, o poder que a comissão da verdade terá ilegalmente. Muitas pessoas ligadas aos direitos humanos questionam por que militares mais novos, que não participaram do regime de 64, que entraram para a Academia Militar até depois disso, ainda insistem em defender o que aconteceu naqueles anos. Porque os militares mais novos conhecem a realidade dos fatos. Nós, os mais antigos, seus formadores, não usamos a mentira. Ensinamos apenas a verdade que os comunistas, hoje, no governo, querem esconder, criando uma nova estória e se mostrando como paladinos da democracia, dos direitos humanos e da justiça, o que nunca o foram. A verdade, a simples verdade, é que aqui queriam implantar uma ditadura do proletariado por meio da luta armada, justificando a violência indiscriminada de que usavam, terrorismo, assassinatos, assaltos, seqüestros e justiça mentos, para atingir tal objetivo. A velha máxima marxista: "Os fins justificam os meios". Tais assertivas estão claras em livros escritos por ex- militantes comunistas e a venda em qualquer livraria. (Do Estadão)

Sai relatório do Código Florestal na Câmara: diabo não é tão feio quanto os "ongolistas" cacarejavam.

                  
     Dirceu Ayres

O relator do Código Florestal na Câmara, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), apresentou seu parecer completo sobre a reforma na lei, fazendo concessões ao agronegócio e às indústrias nos seus dois pontos mais polêmicos: a questão das áreas verdes urbanas e a recuperação de matas ciliares.No polêmico artigo 62, que determina os percentuais a serem recompostos em APPs (áreas de preservação permanente) desmatadas irregularmente em margens de rio, Piau suprimiu os parágrafos do texto do Senado que estabeleciam 30m a 100 m de recuperação no caso de propriedades que margeiam rios de mais de 10m de largura. Retirou também os gatilhos do texto do Senado que limitavam a recuperação em pequenas propriedades. Manteve, porém, a exigência de recompor 15m nas margens de rios de até 10m. Os outros percentuais deverão ser regulamentados posteriormente, como queria a bancada ruralista. A regulamentação dá poder aos Estados de flexibilizar as regras. Pastagens em topos de morro e encostas também ficam liberadas, desde que não envolvam desmates futuros.Na opinião de uma fonte do governo, a mudança acaba prejudicando os pequenos proprietários, já que o texto suprimido do Senado limitava a recomposição para propriedades de até 4 módulos fiscais (até 400 hectares). Na questão das APPs urbanas, Piau cedeu às exigências da Confederação Nacional da Indústria e eliminou do texto os percentuais de mata ciliar em rios urbanos. A CNI era contra o dispositivo por entender que ele implicaria em retirar instalações industriais construídas à beira de rios em todo o país. Outras modificações feitas pelo relator no texto do Senado, que o governo queria aprovar na íntegra, incluem o enfraquecimento do CAR (Cadastro Ambiental Rural), mecanismo pelo qual as propriedades rurais se tornam "visíveis" à fiscalização. O relatório da Câmara suprime a exigência de que os dados do CAR sejam disponibilizados na internet e o artigo do texto do Senado que determina suspensão de crédito a quem não se registrar num prazo de cinco anos. Segundo Piau, esta última mudança foi feita para evitar que o agricultor seja punido caso o governo não conclua o cadastro no prazo.(Folha Poder)