quinta-feira, 31 de maio de 2012

LULA E O PT NÃO QUEREM APENAS APAGAR O MENSALÃO, MAS TER O PODER TOTAL SOBRE O JUDICIÁRIO, O PASSO DERRADEIRO PARA UM ESTADO SOCIALISTA.


     Dirceu Ayres

Ministro Gilmar Mendes: o Brasil não é a Venezuela.  O que começa a ficar muito claro é que o Ministro Gilmar Mendes não está a fim de transigir e mostra-se disposto a ir até o fim na sua denúncia contra o insólito episódio em que foi constrangindo por Lula. Tanto é que concedeu uma entrevista no início da noite desta terça-feira ao jornal O Globo que daqui a pouco chega às bancas de todo o país. Em cada novo pronunciamento ou entrevista, o ministro Gilmar Mendes vai acrescentando algumas informações que ajudam a compreender que as coisas transcendem os umbrais do evento fruto da denúncia. Pelo que se nota, seguindo o raciocínio do Ministro e ex-presidente do STF, há algo tramado pelo PT que postula não apenas embaralhar o julgamento do mensalão, mas obter o controle total do Poder Judiciário pelo PT, como acontece na Venezuela onde Chávez - como alude Gilmar Mendes - manda prender juízes. Lá o partido chavista já domina todo o aparelho estatal. O que ocorre no Brasil neste momento é gravíssimo. E isto já está dito com todas as letras pelas denúncias do Ministro Gilmar Mendes. Em resumo: O Estado de Direito Democrático está ameaçado pelo PT que é o partido que detém o poder. E, como todos sabem, o PT não é um partido democrático, mas revolucionário, porquanto no seu programa postula a implantação de um Estado socialista no Brasil. E não é novidade para ninguém que Lula é o fundador do Foro de São Paulo, a organização comunista que fornece as diretrizes de ação para os governos da Venezuela, Bolívia, Argentina, Uruguai, Paraguai, Equador, El Salvador, Peru, Nicarágua e, claro, o Brasil, que é praticamente a sede do Foro de São Paulo. Em todos esses países os governos são esquerdistas e têm por objetivo emascular as instituições democráticas para mais adiante implantar um regime do tipo cubano, onde os poderes judiciário e legislativo serão simples apêndices do executivo dominado pelo partido comunista. Já disse várias vezes aqui no blog que esse plano comunista vai sendo executado de forma diferenciada em cada um desses países, de acordo com as características regionais. Seja como for, o fato é que o plano comunizante do Foro de São Paulo, que abrange toda a América Latina, segue adiante. Portanto, o constrangimento sofrido pelo Ministro Gilmar Mendes é um acidente de percurso nos planos de Lula, do PT e do Foro de São Paulo. Se Gilmar Mendes e demais Ministros do Supremo Tribunal Federal conseguirem entender o que estou alinhando aqui nesta análise, bem como os líderes da oposição com assento no parlamento, principalmente, o funesto episódio denunciado por Mendes poderá ter frutíferos desdobramentos e a Nação brasileira ter a graça desse acaso para se livrar dos tentáculos do comunismo. Devo ressaltar, para os menos avisados, que não me refiro àquele comunismo da guerra fria, mas a sua versão atual, flexível, aparentemente pacífica, mas não menos solerte e traiçoeira. Como na sua orígem, o movimento comunista internacional objetiva o fim do regime democrático e das liberdades. O Ministro Gilmar Mendes lembrou com objetividade nesta entrevista que o Brasil não é a Venezuela. Sim, por enquanto as instituições democráticas ainda estão em vigência no Brasil, mas já repousam sobre um terreno de perigosa fragilidade. É possível que, finalmente, a ficha começou a cair. Leiam o preâmbulo e a entrevista de Gilmar Mendes que está no site de O Globo: Indignado com o que afirma ser uma sórdida ação orquestrada para enfraquecer o Supremo, levar o tribunal para a vala comum, fragilizar a instituição e estabelecer a nulidade da Corte, o ministro Gilmar Mendes afirmou nesta terça-feira, em entrevista no seu gabinete no início da noite, que o Brasil não é a Venezuela de Chávez, onde o mandatário, quando contrariado, mandou até prender juiz. Gilmar acredita que por trás dessa estratégia está a tentativa de empurrar o julgamento do mensalão para pegar o STF num momento de transição, com três juízes mais jovens, recém-nomeados, dois dos mais experientes para sair, uma presidência em caráter tampão. Gilmar, que afirma ter ótima relação pessoal com Lula, conta que se surpreendeu com a abordagem recente do ex-presidente na casa do ex-ministro Nelson Jobim. Gilmar afirma que há estresse em torno do julgamento do mensalão e diz que os envolvidos estão fazendo com que o julgamento já esteja em curso. Ironicamente, diz, as ações para abortar o julgamento estão tendo efeito de precipitá-lo.
O GLOBO: Como foi a conversa com o presidente Lula?
GILMAR MENDES: Começou de forma absolutamente normal. Aí eu percebi que ele entrava insistentemente com tema da CPMI, dizendo do controle, do poder que tinha. Na terceira ou quarta vez que ele falou, eu senti-me na obrigação de dizer pra ele: “Eu não tenho nenhum temor de CPMI, eu não tenho nada com o Demóstenes”. Isso soou a ele como provocação?
GILMAR: Isso. A reação dele foi voltar para a cadeira, tomou um susto. E aí ele disse: “E a viagem a Berlim? Não tem essa história da viagem a Berlim?” Aí eu percebi que tinha uma intriga no ar e fiz questão de esclarecer.
Antes disso ele tinha mencionado o mensalão?
GILMAR: É. Aqui ocorreu uma conversa normal. Ele disse que não achava conveniente o julgamento e eu disse que não havia como o tribunal não julgar neste ano. Visões diferentes e sinceras. É natural que ele possa ter uma avaliação, um interesse de momento de julgamento. Isso é indício de que o presidente Lula não se desprendeu do cargo?
GILMAR: Não tenho condições de avaliar. Posso dizer é que ele é um ente político, vive isso 24 horas. E pode ser que ele esteja muito pressionado por quem está interessado no julgamento. Na substituição de dois ministros, acha que as nomeações podem atender a um critério ideológico?
GILMAR: É uma pressão que pode ocorrer sobre o governo. Toda minha defesa em relação ao julgamento ainda este semestre diz respeito ao tempo já adequado de tramitação desse processo. O presidente Ayres Britto tem falado que o processo está maduro. Por outro lado, a demora leva à ausência desses dois ministros que participaram do recebimento da denúncia e conhecem o processo, que leva à recomposição do tribunal sob essa forte tensão e pressão, o que pode ser altamente inconveniente para uma corte desse tipo, que cumpre papel de moderação.
A partir da publicação da conversa do presidente Lula com o senhor, os ministros do STF estariam pressionados a condenar os réus, para não parecer que estão a serviço de Lula?
GILMAR: Não deve ser isso. O tribunal tem credibilidade suficiente para julgar com independência (...) O que me pareceu realmente heterodoxo, atípico, foi essa insistência na CPMI e na tentativa de me vincular a algo irregular. E de forma desinformada.
Quem está articulando o adiamento do mensalão dá um tiro no pé?
GILMAR: Acho que sim. E talvez não reparar que o Brasil não é a Venezuela de Chávez... ele mandou até prender juiz. Um diferencial do Brasil é ter instituições estáveis e fortes. Veja a importância do tribunal em certos momentos. A gente poderia citar várias. O caso das ações policialescas é o exemplo mais evidente. A ação firme do tribunal é que libertou o governo do torniquete da polícia. Se olharmos a crise dos jogos, dos bingos, era um quadro de corrupção que envolvia o governo. E foi o Supremo que começou a declarar a inconstitucionalidade das leis estaduais e inclusive estabeleceu a súmula. Eu fui o propositor da súmula dos bingos. Depois que o ministro Jobim o desmentiu, o senhor conversou com ele?
GILMAR: Sim. O Jobim disse que o relato era falso. Eu disse: “Não, o relato não é falso”. A “Veja” compôs aquilo como uma colcha de retalhos, a partir de informações de várias pessoas, depois me procuraram. Óbvio que ela tem a interpretação. O fato na essência ocorreu. Não tenho histórico de mentira.
O julgamento já está em curso?
GILMAR: Sim, de certa forma. Por ironia do destino, talvez essas tentativas de abortar o julgamento ou de retardá-lo acabou por precipitá-lo, ou torná-lo inevitável. O momento é de crise?
GILMAR: Está delicado. O país tem instituições fortes, isso nos permite resistir, avançar. Tem uma ação deliberada de tumultuar processos em curso?
GILMAR: Ah, sim.
Existe fixação da figura do senhor?
GILMAR: Isso que é sintomático. Ficaram plantando notícias.
Qual o motivo disso?
GILMAR: Tenho a impressão de que uma das razões deve ser a tentativa de nulificar as iniciativas do tribunal em relação ao julgamento desse caso.
Mas por que o senhor?
GILMAR: Não sei. Eu vinha defendendo isso de forma muito enfática (o julgamento do mensalão o quanto antes). Desde o ano passado venho defendendo isso. O tribunal está passando por um momento muito complicado. Três juízes mais jovens, recém-nomeados, dois dos mais experientes para sair, uma presidência em caráter tampão. Isso enfraquece, debilita a liderança. Já é um poder em caráter descendente. Um tribunal com ministros mais recentes é mais fraco que um com ministros mais experientes?
GILMAR: Não é isso. Mas os ministros mais recentes obviamente ainda não têm a cultura do tribunal, tanto é que participam pouco do debate público, naturalmente. Dizem que os réus do mensalão querem adiar o julgamento para depois das substituições.
GILMAR: Esse é um ponto de ainda maior enfraquecimento do tribunal. Sempre que surge nova nomeação sempre vêm essas discussões acerca de compromissos, que tipo de compromissos teria aceito. Se tivermos esse julgamento, além do risco de prescrição no ano que vem, vamos trazer para esses colegas e o tribunal esta sobrecarga de suspeita. Haverá suspeita se a indicação deles foi pautada pelo julgamento?
GILMAR: Vai abrir uma discussão desse tipo, o que é altamente inconveniente nesse contexto. O voto do senhor na época da denúncia não foi dos mais fortes...
GILMAR: Não. É uma surpresa. Por que esse ataque a mim? Em matéria criminal, me enquadro entre os mais liberais. Inclusive arquei com o ônus de ser relator do processo do Palocci, com as críticas que vieram, fui contra o indiciamento do Mercadante, discuti fortemente o recebimento da denúncia do Genoino lá em Minas. Ninguém precisa me pedir cautela em termos de processo criminal. Combato o populismo judicial, especialmente esse em processos criminais, denuncio isso. Todas as figuras que o senhor citou são petistas proeminentes. Por que querem atacar o senhor agora?
GILMAR: Desde o início desse caso há uma sequência de boatos, valendo-se inclusive desse poder perverso, essa associação de vazamentos, Polícia Federal, acesso de CPI. Como fizeram com o (procurador-geral da República, Roberto) Gurgel, de certa forma. Um ex-presidente empenhado em pressionar o STF não mostra alto grau de desespero com a possibilidade de condenação no mensalão?
GILMAR: É difícil classificar. A minha indignação vem de que o próprio presidente poderia estar envolvido na divulgação de boatos. E a partir de desinformação, esse que é o problema. Ele pode ter sido usado?
GILMAR: Sim, a sobrecarga... Ele não está tendo tempo de trabalhar essas questões, está tratando da saúde. Alguém está levando esse tipo de informação. Fui a Berlim em viagem oficial. Por conta do STF. Pra que ficar cultivando esse tipo de mito? São historietas irresponsáveis. Qualquer agente administrativo saberia esclarecer isso. Esses ataques não atingem o STF?
GILMAR: Claro, evidente. O intuito, obviamente, não é só me atingir, é afetar a própria instituição, trazê-la para essa vala comum.  por Aluizio Amorim.

Gilmar Mendes desmancha o esquema de Lula para melar o Mensalão. Publicamente. E Lula, o falante, perdeu a língua?


    Dirceu Ayres

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira, 29, em entrevista ao Estado, que "querem melar o julgamento do processo do mensalão", e apontou para um ex-diretor geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda. "Dizem que (Lacerda) está assessorando o PT. Eu tive uma informação, em 2011, que o Paulo Lacerda queria me pegar".
Mendes suspeita que Lacerda estaria divulgando "informações distorcidas, informações falsas" sobre sua atuação. O ministro também falou sobre o encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escritório do ex-ministro Nelson Jobim, da Defesa, onde o ex-presidente teria sugerido adiamento do julgamento do processo do mensalão. Lula teria tentado intimidar o ministro do STF ao insinuar que ele viajou para a Alemanha com despesas bancadas pelo contraventor Carlos Cachoeira. O ex-presidente e o ex-ministro da Defesa negam que o mensalão tenha sido debatido naquele encontro, em 26 de abril.
Estado: Na conversa no escritório de Jobim, o ex-presidente Lula foi taxativo ou falou veladamente?
Ministro Gilmar Mendes: Em relação à CPMI ele foi taxativo e também quando falou da viagem a Berlim. Três ou quatro vezes ele disse: 'Eu tenho o controle da CPMI'. Eu fui me fazendo de desentendido. Percebi o intuito dele quando ele disse: 'Você tem que se preocupar com a CPMI'. Eu disse a ele que não tenho nada com o Demóstenes. 'Vá fundo na CPMI', eu disse a ele. Eu disse que não tenho que ter proteção. Ai ele levou um susto, tanto que fez um movimento corporal mais brusco. Mas em seguida veio com a pergunta. 'E Berlim? E essa história?'
Como o sr. respondeu?
Eu disse a ele: 'Presidente, o senhor está desinformado. Eu vou a Berlim frequentemente. Desde 1979 que vivo indo à Alemanha. Estudei lá, fiz doutorado, fiz mestrado. Vou a Berlim como você vai a São Bernardo do Campo. Contei ao presidente que na viagem a Praga fui recebido pelo embaixador, ex-chefe do cerimonial dele. E em Berlim fui recebido pelo embaixador Everton Vargas, designado por ele (Lula). O almoço (com o embaixador) estava na agenda, ninguém foi fazer turismo oculto.
E sobre o mensalão?
Repassamos vários assuntos, falamos de nomeação de ministros, da PEC da bengala e a falta de interlocução hoje com o STF. Aí ele falou do mensalão. Eu defendi um julgamento eminentemente técnico, fiz uma defesa nesse sentido. Ele falou: 'Não é bom agora porque vai pegar o clima eleitoral.'
Quem puxou o assunto sobre o mensalão?
Ele (Lula).
Como o sr. reagiu?
A conversa prosseguiu normalmente, depois é que percebi o intuito dele (Lula). Eu disse a ele que não seria possível o adiamento (do julgamento), por causa da repercussão e a possibilidade de que dois ministros que receberam a denúncia (contra os réus do mensalão) não mais poderiam participar (por causa da aposentadoria de ambos). Eu disse que (os ministros) são experientes e seria positivo que participassem (do julgamento). Estão fazendo uma grande confusão a partir de premissas evidentemente falsas. Eles construíram a ideia de que podiam melar o julgamento do mensalão trazendo uma crise para o Poder Judiciário. Achavam que podiam evitar o julgamento e passaram então a alimentar essa história com informações distorcidas.
Quais informações?
Eles subsidiaram isso com uma série de informações falsas. Hoje você tem um roteiro da viagem que fiz a Berlim dizendo que teria sido paga pelo Cachoeira, uma viagem para um encontro com o Demóstenes. Posso assegurar, e disso tenho provas documentais, que parte da viagem foi paga diretamente pelo Supremo e o restante por mim. Exibo a quem quiser os comprovantes das despesas que tive. Minha filha faz doutorado na Alemanha, vou lá toda hora. Vou à Europa quatro vezes por ano, participo da Comissão de Veneza (Comissão Europeia para a Democracia), faço os trajetos mais diversos e tenho convites. Em abril (de 2011) eu tinha a viagem a Granada e aí decidi ir a Praga, que eu não conhecia e, depois, segui para Berlim.
Quanto tempo durou a conversa?
Uma hora meia, duas horas.
O ex-presidente citou o nome do ex-ministro José Dirceu?
Falou sim, que às vezes batia desespero no Zé Dirceu.
Jobim nega que no encontro tenha sido abordado o mensalão.
Não vou ficar discutindo com ele. Evidente que a conversa houve, e com detalhes.
Lula também nega o teor da conversa e diz que se sente indignado.
Não vou emitir juízo sobre a nota dele, mas não recuo um passo. Minha visão, hoje, olhando todo esse conjunto é que o estão sobrecarregando pela responsabilidade política e tudo o mais. Acho que é isso. Esquecem que ele é um homem convalescente. Não sou que estou sob pressão, acho que quem está sob pressão é o presidente Lula.
O sr. está assustado?
Essas coisas não me intimidam evidente que não me intimidam. Você lembra da história do Gilmar de Mello Mendes? A situação é muito similar. Sabe-se que uma notícia é falsa, não obstante divulga-se essa notícia para criar esse estado de pânico. A minha surpresa foi quando ouvi isso da boca do presidente Lula. E, depois, ao saber, de jornalistas que o próprio presidente Lula estava se incumbindo de divulgar essa fantasia de que Cachoeira pagou minhas despesas. Ele está muito mal assessorado, mal informado. Está dando vazão a informações falsas.
Quem está abastecendo o ex-presidente Lula?
Eu imagino que esse grupo de pretensos investigadores de CPI e coisa do tipo. Fala-se até que o Paulo Lacerda o está assessorando. O sr. suspeita que Paulo Lacerda está por trás desses vazamentos que citam o sr.? O que se noticia é que hoje ele está prestando assessoria ao PT. Eu já tinha recebido notícia de que Paulo Lacerda tinha como missão me destruir. Ele fez muito mal a esse País, instalando um Estado policial e é bom que fique distante. Realmente ele não respeitou as regras mínimas do Estado de Direito.
Na conversa com o ex-presidente foi citado o nome de Lacerda?
Sim. O Jobim perguntou ao Lula, 'e aí, e o Lacerda?' O Lula respondeu: 'Está chegando, está voltando'. Agora a ficha caiu para mim. Recebi notícias confirmando que (Lacerda) está prestando serviços ao PT na CPMI. Eu não sei, mas isso não tem a menor relevância. Que (Lacerda) tenha boa sorte, mas que não venha com bisbilhotagem e nem reinstalar concepções do Estado policialesco.
O sr. teme Paulo Lacerda?
Imagina, imagina, imagina. Veja que os embates vêm de 2007 quando o Tarso (Genro) era ministro (da Justiça) e ele (Lacerda) chefe da PF. Foi aí que houve aquela divulgação sobre o Gilmar de Mello Mendes (homônimo do ministro, citado em uma operação da PF) e todas as encenações em torno dessas ações continuaram. E nós reagindo às várias operações. No CNJ estabelecemos limites, os juízes passaram a fundamentar e a comunicar o CNJ as decisões de escutas telefônicas. Aprovamos a súmula das algemas. Meu papel foi institucional, em prol do Estado de Direito do País. A polícia, naquele período, tinha virado poder nas mãos de Lacerda não tenho nenhum arrependimento de ter enfrentado aquela situação. Desde que essa coisa começou temos sido, minha família e eu, alvos dessas constantes plantações.

O que mais se falou de Lacerda no escritório de Jobim?

Ao longo do tempo a conversa me causou muito incômodo. É sintomático, só hoje me faz sentido. O Jobim perguntou (a Lula) sobre Paulo Lacerda. 'Ele está voltando de Portugal', respondeu o presidente. 'Está por aí'. Eu digo que naquele momento não atribuí maior importância, mas a ficha caiu aos poucos. Dizem que (Lacerda) Está assessorando o PT. Eu tive uma informação, em 2011, que o Paulo Lacerda queria me pegar.
Por que o sr. não representou à Procuradoria Geral?
Não se tratava de representar. Na própria conversa (com Lula) eu demorei a perceber qual era o intuito. Percebi que havia algo errado, tanto que saí de lá (do escritório de Jobim), estava atrasado para um encontro com o senador Agripino, e logo disse a ele: 'Senador, passei por uma situação absolutamente atípica há pouco, diante de um homem ainda visivelmente doente. No dia seguinte comentei com o Sigmaringa Seixas o absurdo de uma situação daquela. Alguns jornalistas vieram me dizer que o próprio ex-presidente era a fonte de informação. Eu comecei a contar sobre aquela conversa (com Lula) para os jornalistas que diziam sobre comentários na CPMI. Veja o grau de desinformação. Depois que duas jornalistas falaram que a fonte era o próprio presidente, que ele estava difundindo essa versão, eu entendi todo o contexto da conversa.
O encontro com Lula no escritório de Jobim foi casual?
Eu tive vários contatos (com Lula), inclusive falei com ele em São Bernardo, quando voltou para casa. Chegamos até a pré agendar um encontro pessoal em São Paulo, mas aí ele foi hospitalizado novamente. O Jobim propôs me ligou um dia e disse: 'O Lula está aqui, não quer falar com ele?'. Para mim era uma oportunidade de revê-lo, de abraça-lo e, claro, colocar a conversa em dia. Óbvio que ele (Lula) continua um ator político importante.
O sr. demorou para revelar essa conversa com Lula. Por que?
Falei para as pessoas. Eu não tinha intuito de divulgar isso publicamente. A revista (Veja) veio me procurar e eu confirmei. Eu tratei de fazer interlocutores, inclusive do governo, saberem que havia algo de indevido. Olha, desde março isso vem sendo alimentado. Estamos vivendo de novo uma situação de descontrole. Por isso foi bom o vazamento de todo o inquérito porque evitou que esses estelionatários ficassem aí de posse de informações privilegiadas. Mas é claro que há uma bagunça no sistema, um quadro ridículo. A Procuradoria, a polícia e a Justiça têm que ordenar. Não é razoável que o cidadão que nada tem com a investigação fique se defendendo a partir de futricas divulgadas por esses estelionatários.
Que futrica?
Por exemplo, minha mulher celebrou aniversário. Enviamos convites públicos, (a revista) Caras estava lá, todos os convidados registrados fotograficamente. Saiu na imprensa. Aí aparecem pessoas, supostamente do grupo do Cachoeira, dizendo que Demóstenes iria faltar a um encontro porque teria que ir ao jantar do aniversário de minha mulher. O que isso mostra? Mostra o quadro surreal que estamos vivendo.
Que outra futrica o sr. pode citar?  Veja outra linha de idiotice. Eu seria responsável pelo retardo do Gurgel (Roberto Gurgel, procurador geral da República) em tomar medidas (com relação à Operação Monte Carlo, da PF). Isso está listado entre as bobagens. Outra linha que está no roteiro dessa investigação é o meu suposto envolvimento com o Jairo Martins, depois surpreendido nessa operação trabalhando com Cachoeira. Sei que (Jairo) é um desses antigos funcionários da Abin que tem uma firma de arapongagem. Eu não o conheço. Ele e ninguém da equipe dele trabalhou para o Supremo, pelo menos no nosso período. O caso da Celg (concessionária de energia elétrica de Goiás), uma decisão técnica tomada no processo vira tema de intrigas porque aparece numa conversa entre Demóstenes e Cachoeira. Alguém minimamente alfabetizado em Direito não faria um escarcéu em torno disso.  Como foi o encontro com Demóstenes na Europa?  O Demóstenes estava em Praga e nós nos encontramos lá. Fomos até Berlim. Não fizemos um passeio turístico oculto. Fomos recebidos pelos embaixadores em Praga e em Berlim. Uma viagem semioficial com toda a transparência e aí começam a fazer intrigas em torno disso, sobre o nosso relacionamento. Saímos lá publicamente, reitero, fomos recebidos pelo embaixador Everton Vargas em Berlim. O embaixador em Praga é o ex-chefe do cerimonial do presidente Lula. Aí a gente fica com esses investigadores, esses arapongas. Eles não precisavam disso, não precisavam fazer intrigas. Bastava telegrafar para a Embaixada via Itamaraty, que saberiam do trajeto que fiz.  A viagem à Berlim foi mesmo paga pelo sr.?  Eu viajo a toda hora, pago minhas despesas. Eu tenho o hábito de pagar as minhas despesas. Eu não vivo de subsídios sindicais. Eu tenho um livro que vendeu quase 100 mil exemplares. Só de direitos autorais eu poderia dar a volta ao mundo se quisesse. Não precisaria fazer uma viagem a Berlim paga por terceiros ou por sindicato. O sr. está decepcionado com Demóstenes?  Nós tínhamos contatos. Eu fui o presidente do Supremo, ele (Demóstenes) era muito produtivo, foi o relator de quase todos os nossos projetos, era o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, um importante articulador para as questões do Judiciário. (Entrevista concedida ao Estadão)

O sujeito que mais falou na História do Brasil de repente fecha a boca O ensurdecedor silêncio de Lula,




     Dirceu Ayres

O silêncio de Lula está impressionantemente, absurdamente ensurdecedor. O cara é um falastrão. Um tagarela compulsivo, talvez doentio. Fala pelos cotovelos, fala mais que a boca. Começou a falar no palanque da Vila Euclides, nas assembléias dos metalúrgicos de São Bernardo, e não parou mais. Perdeu três eleições seguidas e, entre uma outra, andava pelo país falando feito pregador no púlpito, feito camelô da Praça XV quando chega a barca. Eleito, o que mais fez foi falar. Passou oito anos na Presidência fazendo no mínimo um discurso por dia. Às vezes três. Mal foi liberado pelos médicos após o tratamento do câncer, voltou a falar. Aí, a partir do meio-dia de sábado para cá, silenciou. Um ministro da mais alta Corte de Justiça do país contou que, em conversa privada, Lula disse a ele que era melhor adiar o julgamento do mensalão. Na conversa privada, Lula falou sobre viagem dele, o ministro Gilmar Mendes, a Berlim – uma insinuação clara de chantagem. A revista Veja começou a circular no início da tarde de sábado com as afirmações de Gilmar Mendes.Lula, boca de siri. Caladinho. Nem um pio. Se alguém me acusa de chantagem, de interferir em um julgamento do STF, e sou inocente, saio berrando pra quem quiser ouvir. Falo que nem Lula nos palanques de onde ele jamais saiu. Nego tudo de pé junto, uma, duas, mil vezes. Isso eu, humildérrimo jornalista aposentado.Ao Lula, bastaria fazer um sinal e teria diante de si, para ouvi-lo, toda a imprensa nacional, mais os 300 blogueiros progressistas na ocasião reunidos em convescote pago por entidades públicas na Bahia. Lula, boca chiusa. Fechadinha. Nélson Jobim desmente a Veja. Gilmar Mendes desmente o desmentido. Lula, boca fechada. Aí, na segunda-feira à tarde, 48 horas depois, o Instituto Lula divulga nota. “Meu sentimento é de indignação”, diz a nota do Instituto Lula. A nota não diz que Gilmar, o amigo dele, mentiu. Diz que seu sentimento é de indignação contra a revista que revelou a conversa.E diz não em uma nota sua. Lula, o que sempre falou mais que a boca, não falou em nota pessoal. Não falou em uma nota da sua assessoria, mas do Instituto Lula, como se o Instituto Lula fosse ele.Um instituto, uma fundação, não pertence a quem lhe empresta o nome. Mas Lula e o lulo-petismo sempre confundiram o público com o privado, sempre privatizaram para si o que é público, então não é de se espantar. O que é de espantar é o silêncio do político que mais falou diante de um microfone em toda a História do Brasil, do Mundo, do Universo. Um sîlêncio ensurdecedor. E eloquente. Tremendamente eloquente. Sérgio Vaz é jornalista http://oglobo.globo.com/pais/noblat/ por Sérgio Vaz

TIRO NO PÉ. ESSA ATITUDE DO MEGALOMANÍACO LUÍS LULARÁPIO 51 DA SILVA EM PAUTAR O SUPREMO FARÁ COM QUE TODOS OS MENSALEIROS DA QUADRILHA SEJAM JULGADOS CULPADOS.



   Dirceu Ayres


E JÁ HÁ INDÍCIOS DE DESCONTENTAMENTO ENTRE OS QUADRILHEIROS COM TAL ATITUDE. A VISITA A LEWANDOWSKI CONFIRMA QUE LULA VIROU ACHACADOR DE MINISTROS DO SUPREMO.  O item 2 da nota do Instituto Lula sobre as revelações feitas pelo ministro Gilmar Mendes garante que “Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria Geral da República em relação a ação penal do chamado Mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República”. Faz de conta que sim. Faz de conta também que merece crédito a primeira das duas frases que compõem o item 4: “A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos”. É na segunda frase do tópico, suficientemente cínica para deixar ruborizado até devotos da seita lulopetista com mais de cinco neurônios, que se consuma a derrapagem espetacular: “O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público”. Apaixonado pelo personagem que inventou, embevecido com o som da própria voz, Lula embarca na gabolice em reuniões com companheiros, acertos com aliados, papos de botequim ou conversas com porteiros do prédio onde mora. Graças à loquacidade do falastrão vaidoso, sabe-se agora que o protetor de pecadores assumiu o posto de lobista-chefe da quadrilha do mensalão desde que deixou o Palácio do Planalto. Leia o que escreveu em seu blog, nesta terça-feira, a jornalista Cristiana Lobo: A preocupação de Lula com o julgamento do caso do Mensalão, conhecida de todos no mundo político, aumentou com a chegada de 2012 – ano do julgamento e, ainda, coincidindo com as eleições municipais nas quais o PT deposita grandes esperanças de crescer, particularmente, em São Paulo, antigo território adversário. Foi a partir daí que ele incluiu o assunto em sua agenda prioritária do ano. Fiel a seu estilo de falar muito e revelar seus passos políticos, mesmo aqueles que exigem maior discrição, Lula contou o desejo de visitar o ministro Ricardo Lewandowiski, ministro-revisor do relatório do Mensalão, um amigo de sua família. E assim fez. No começo do ano, acompanhado do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, ele foi à casa de Lewandowski e, conversa-vai-conversa-vem, chegou ao assunto: quando será julgado o mensalão? Sua preocupação central… Depois dessa conversa Lula passou a explicitar aos amigos políticos grande preocupação com a dificuldade de se deixar o julgamento para o ano que vem. Ele diz abertamente que considera inconveniente o julgamento do caso este ano. Com elogios à casa de Lewandowski, num condomínio chique de São Bernardo, Lula relatou a um aliado a pressão que o ministro vem sofrendo para apresentar logo o seu voto-revisor. E mais: o temor de que essa pressão de opinião pública possa afetar o conjunto do julgamento. Este é Lula. Por bravata ou relatando a realidade, ele conta a amigos os seus passos, até mesmo uns que deveriam ser inconfessáveis, como uma visita a um ministro do Supremo Tribunal Federal no ano do julgamento mais importante para sua história política – o caso que marcou negativamente o seu primeiro mandato. Lewandowski ensaiou negar a conversa com Lula. Mas, diante dos detalhes da conversa – a companhia do prefeito e os elogios à casa – ele sorriu e disse: “ele é amigo da família”. De fato, a mulher de Lula, Marisa Letícia, foi amiga da mãe do ministro, falecida ano passado. É muita desfaçatez. Além de confirmar a essência da conversa de Lula com Gilmar Mendes, o texto acima reproduzido prova que um ex-presidente da República exerce pelo menos desde janeiro o ofício de achacador de ministros do Supremo. E explica por que Ricardo Lewandowski foi tão longe nas manobras forjadas para adiar o julgamento do mensalão. Se desse mais importância ao Estado de Direito, se soubesse rechaçar o assédio de pedintes influentes, o revisor do processo já teria entregue o relatório há muito tempo. O atraso deliberado resultou no episódio que começa a transformar-se em crise institucional. O julgamento dos mensaleiros já demorou demais. Caso não cumpra seu dever nas próximas horas, Lewandowski transformará a toga de ministro do Supremo na fantasia que disfarça um ministro do Lula. A exasperante insistência em algemar o tempo, encarcerar a verdade e obstruir o avanço da Justiça pode ser a gota que fará transbordar o pote até aqui de náusea. Augusto Nunes. Veja.com.br por Blog do Beto

Porque Gilmar resolveu falar?

        

     Dirceu Ayres


Saiba por que Gilmar Mendes resolveu revelar À ‘VEJA’ o assédio que sofreu de Lula O que você vai ler abaixo não é inferência, interpretação, nem opinião. É informação. Este ‘post’ vai revelar o motivo pelo qual o ministro Gilmar Mendes decidiu contar à Revista VEJA detalhes da insidiosa conversa com o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva ocorrida no dia 26 do mês passado. Desde que a revista chegou às bancas, três perguntas recorrente e importante permaneciam sem resposta: 1ª - Por que Gilmar Mendes resolveu agir dessa forma? 2ª - Por que o atraso de um mês entre o fato e a versão apresentada pelo ministro? 3ª – Gilmar tem como provar que ouviu de Lula o que disse ter ouvido no escritório de Nelson Jobim? Uma parte das respostas está contida na entrevista na entrevista concedida hoje ao Jornal Zero Hora. Disse o ministro: “Fui contando a quem me procurava para contar alguma história. Eu só percebi que o fato era mais grave, porque além do episódio (do teor da conversa no encontro), depois, colegas de vocês (jornalistas), pessoas importantes em Brasília, vieram me falar que as notícias associavam meu nome a isso e que o próprio Lula estava fazendo isso”. Em seguida, a entrevista envereda pela seara de outros assuntos — as intrigas da CPI do ‘Cachoeira’. A repórter pergunta a Gilmar Mendes: “Jornalistas disseram ao senhor que o Lula estava associando seu nome ao esquema Cachoeira”? Ao que o ministro responde: “Isso. Alimentando isso”.  Alimentando isso Não era o que o ministro queria dizer. Se tivesse sido questionado, teria contado que foi procurado por duas importantes jornalistas dias atrás para saber da mesma história. Espantou-se com o vazamento. Apesar de constrangido, ele havia decidido falar sobre o assunto apenas com alguns de seus pares, pessoas discretas que jamais revelariam a conversa constrangedora. E mantê-la longe dos jornais. Essas jornalistas são profissionais respeitabilíssimas. Ocupam posições importantes em uma empresa não menos. A estória chegou a elas por intermédio de uma fonte crível que preza da amizade de ambos, Gilmar e Lula. Sabe como a fonte ficou sabendo do diálogo? Lula contou. Isso mesmo. Foi Lula em pessoa quem cometeu a indiscrição de falar sobre a conversa com Gilmar Mendes, descendo ao nível dos detalhes que agora estão expostos por iniciativa do ex-presidente do STF. Esta é a razão oculta por trás da “inconfidência” do ministro Gilmar Mendes. E também a justificativa para a incapacidade do ex-presidente da República de fazer um desmentido cabal, como o assunto exigiria caso o magistrado pudesse ser desmentido. Não pode. Há testemunhas muito bem identificadas no caminho da informação que transitou entre o escritório de Jobim e as páginas de VEJA. Se alguém falou demais, não foi Gilmar Mendes. Foi Lula. Simples assim. Quem fala demais dá bom-dia a cavalo. Deu no que deu. * Por Maria Cristina Rocha Azevedo - crisrochazevedo@hotmail.com