segunda-feira, 8 de outubro de 2012

MENSALÃO: votos de ministros ao condenar Dirceu forneceram mais elementos para envolver LULA no escândalo


             
      Dirceu Ayres

Dirceu sempre foi o braço direito de Lula. Se não havia como Dirceu não saber do esquema do mensalão -- e esta foi uma das razões de sua condenação --, muito menos o centralizador e detalhista Lula poderia ignorá-lo. Lula deveria estar junto com Dirceu como réu (Foto: veja.abril.com.br) Amigas e amigos do blog, não sei se vocês notaram, mas a histórica sessão do Supremo Tribunal Federal de ontem, quinta, que começou a condenar o ex-chefe da Casa Civil do lulalato José Dirceu pelo crime de corrupção ativa recolheu uma série de manifestações de ministros da Corte que, embora a respeito do ex-deputado, serviriam quase como uma luva para condenar… Lula, se estivesse incluído no processo. Ou servirá, se o procurador-geral da República, terminado o julgamento dos 38 atuais réus, recolher, de todo o oceano de provas e evidências trazidas à tona, adotar a corajosa — mas improvável — decisão de iniciar um inquérito sobre o envolvimento do ex-presidente na maracutaia. Vejam bem: conforme ressaltaram os jornalistas Laryssa Borges e Gabriel Castro na ampla reportagem de ontem sobre o tema, o site de VEJA mostrou que provas indiciárias, experiência de vida e a longa militância política de Dirceu foram utilizadas para formar a convicção em três dos quatro magistrados que consideraram o ex-chefe da Casa Civil como o grande corruptor do esquema do mensalão. Os ministros Joaquim Barbosa, Rosa Weber e Luiz Fux deixaram claro que chega a ser “fantasiosa” a tese de que o então braço direito de Lula se manteve alheio à engrenagem de corrupção montada por Delúbio Soares e pelo publicitário Marcos Valério. Fux: não era possível que Delúbio Soares tivesse agido sozinho e que Dirceu estivesse alheio a tudo. Pergunto eu: e Lula, poderia estar? (Foto: José Cruz / Agência Brasil)Os três, lembrou a reportagem, foram categóricos ao afirmar não acreditarem na inocência do ex-ministro e disseram que coube ao então chefe da Casa Civil coordenar cada ato dos integrantes do comando do PT José Genoino (presidente) e Delúbio Soares (tesoureiro) para liberação da dinheirama, proveniente dos cofres públicos, destinada a comprar o apoio de deputados de outros partidos. Com um voto contundente em favor das provas indiciárias, o ministro Luiz Fux demonstrou que elementos de dedução e até a experiência de vida permitem concluir não ser possível que Delúbio Soares tenha agido sozinho em todo o esquema e que José Dirceu estivesse alheio a tudo. “Quando os indícios encontram ressonância na prova dos autos, adquirem status de prova tão robusta que servem para o decreto condenatório, indícios e presunções podem autorizar o juízo da culpa do agente”, disse. “Pelas reuniões a que compareceu e pelos depoimentos que foram prestados, esse denunciado (José Dirceu) figura como articulador político desse caso penal, até pela sua posição de proeminência no partido e por sua posição de destaque no governo”, declarou o ministro. Já o ministro Gilmar Mendes apontou a existência de uma contradição no voto do revisor, Ricardo Lewandowski, que condenou deputados corruptos e se limitou a apontar, como corruptor, somente Delúbio Soares. O ministro Marco Aurélio, de sua parte, também rejeitou, em comentário, a tese do revisor de que Delúbio era senhor de todo o esquema criminoso, não tendo de se reportar a nenhum grão-petista. “Vossa Excelência imagina que um tesoureiro de partido político teria essa autonomia?”, indagou. A ministra Rosa Weber seguiu na mesma linha, apresentando de forma sucinta as acusações que pesam contra Dirceu e Genoino. “Não é possível acreditar que Delúbio sozinho tenha comprometido o PT com dívidas da ordem de 55 milhões de reais e repassado metade disso a partidos da base aliada”, fuzilou ela, ao condenar a dupla. Ministra Rosa Weber: "fechando o quebra-cabeças" para condenar Dirceu (Foto: STF) Mas a ministra lançou mão de mais do que a lógica dedutiva para condenar Genoino e Dirceu. Ao citar o então presidente do PT, ela lembrou sua participação decisiva na amarração dos acordos políticos e financeiros com partidos aliados do governo petista. Quando tratou de Dirceu, mencionou o papel central do então ministro gestão do PT e do governo, lembrou os depoimentos contrários ao ex-ministro e citou fatos. “As reuniões com dirigentes do Banco Rural, os vários indícios da ligação próxima de José Dirceu com Marcos Valério, ilustrada pelos favores prestados à ex-esposa do acusado e a viagem de Marcos Valério, Rogério Tolentino e Emerson Palmieri [a Lisboa] para a obtenção de recursos ilegais da Portugal Telecom para o PT e o PTB, apenas conformam a minha convicção e fecham o quebra-cabeças”. O relator Joaquim Barbosa detalhou a distribuição de tarefas na organização criminosa, afirmando que Dirceu comandou o esquema e ofereceu às instituições bancárias garantias de favores em troca dos repasses para o valerioduto. “Dirceu era o negociador da obtenção de recursos utilizados no esquema de compra de apoio político, que dependia também de sua atuação na Casa Civil”, disse. “Os pagamentos efetuados por Delúbio Soares e Marcos Valério aos parlamentares com os quais Dirceu mantinha reuniões frequentes o colocam em posição central, posição de organização e liderança da prática criminosa, como mandante das promessas e pagamentos das vantagens indevidas aos parlamentares que viessem a atender propostas de seus interesses”. Pois bem, vamos por partes: 1. As provas indiciárias, experiência de vida e a longa militância política se aplicam, igualmente, a Lula. Se, como diz a reportagem com base nos votos e declarações dos ministros, Dirceu não podia estar alheio ao que se passava, como poderia Lula? “Tudo o que fiz era do conhecimento do presidente”, disse certa vez, em frase histórica, o próprio Dirceu, quando tinha certeza da impunidade que, agora, vê esvair-se. 2. Se Joaquim Barbosa, Luiz Fux e Rosa Weber consideraram que chega a ser fantasiosa a tese de que Dirceu se manteve alheio ao funcionamento da engrenagem criminosa, por que não considerar igualmente fantasiosa a tese de que LULA nada sabia do que se passava a poucos metros de seu gabinete? Lula, que sempre esteve no centro de todas as ações que conduziu desde o velho Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, que formatou o PT com suas próprias mãos, que sempre se meteu e se mete em detalhes de escaramuças políticas a ponto de escolher candidatos a cargos municipais passando por cima dos órgãos partidários — este Lula centralizador e onisciente iria ignorar por inteiro justamente um esquema montado por seu braço direito? 3. Se, conforme voto do ministro Fux, “esse denunciado (José Dirceu) figura como articulador político desse caso penal, até pela sua posição de proeminência no partido e por sua posição de destaque no governo”, imaginemos então Lula — cuja proeminência era evidentemente muito maior do que a de Dirceu, e a quem Dirceu servia! 4. Quando a ministra Rosa Weber ressaltou o “papel central” de Dirceu na amarração de acordos com partidos aliados ao PT — que incluiriam o pagamento a deputados –, deixou de referir-se, naturalmente, a Lula, pela excelente razão de que ele não consta da peça acusatória do Ministério Público. Mas a quem serviam os acordos com partidos aliados? A Dirceu? Por acaso ele era quem governava? Ele é quem necessitava de maioria folgada na Câmara? Quem era seu chefe? 5. Ao afirmar, taxativamente, em seu voto condenatório, que Dirceu foi “o mandante das promessas e pagamentos das vantagens indevidas aos parlamentares que viessem a atender propostas de seus interesses”, o ministro Joaquim Barbosa fez a responsabilidade pelas bandalheiras baterem na ante-sala presidencial. Não foi além até porque não poderia julgar o que não consta do processo mas, de novo, se impõe a pergunta: os “interesses” de Dirceu — que não era presidente — serviam a quem? (VEJA)
        

Mensalão: esquerda achou que tinha aparelhado o STF


                     

     Dirceu Ayres

Mensalão: esquerda achou que tinha aparelhado o STF. Agora reage de forma criminosa, atacando ministros.  http://coturnonoturno.blogspot.com.br/2012/10/mensalao-esquerda-achou-que-tinha.html O STF tem dado, salvo duas exceções, a primeira daquele amigo da mulher do Lula, a segunda do ex-advogado da família do José Dirceu, tem dado um show de imparcialidade no julgamento dos crimes do Mensalão do PT. Isto tem levado a esquerda ao desespero. Ontem, a palavra de ordem era chamar Joaquim Barbosa de "capitão do mato", uma Clara alusão racista. O ambiente era de fúria desenfreada na internet. Um espetáculo deprimente para uma esquerda que sempre arvorou-se em grande defensora das minorias e dos oprimidos. Gilmar Mendes havia sido massacrado por cinco capas da revista chapa-branca Carta Capital, nos meses que precederam o julgamento. O ator José de Abreu, um dos líderes dos ataques na internet, chamou o ministro de corrupto e está sendo processado por ele. Agora a raiva também é dirigida ao ministro Luiz Fux, conforme nota publicada hoje por Mônica Bergamo, na Folha de São Paulo: Luiz Fux, e não o ministro Joaquim Barbosa, o alvo principal da raiva de Lula e de réus do mensalão. Antes de ser indicado ministro, Fux fez um périplo por gabinetes de Brasília e escritórios de São Paulo. Mas Lula tinha restrições a ele. Disse a vários interlocutores achar estranho que um magistrado fosse apoiado tanto por Delfim Netto quanto por João Pedro Stédile, do MST. O aval decisivo à indicação de Fux veio de Antonio Palocci, então poderoso ministro do governo Dilma Rousseff. Réus do mensalão, na época, não se opuseram. Mas hoje se dizem surpresos: no julgamento, o ministro segue na íntegra os votos de Barbosa, condenando praticamente todos os acusados. GRANDE CURRÍCULO  Ricardo Lewandowski formou-se em Direito numa faculdade nada conceituada de São Bernardo do Campo. Nos governos petistas de lá foi Secretário de Governo e de Assuntos Jurídicos. Entrou para Juiz do Tribunal de Alçada Criminal de Sâo Paulo indicado pela aberração que é o Quinto Constitucional -- uma vaga que não depende de concurso público, e é preenchida por indicação em lista tríplice da OAB local. A partir daí, ele foi para o TJ de São Paulo -- também sem concurso, até porque para o TJ é nomeação do governador - -, e depois para o STF -- também, evidentemente, sem concurso. Ou seja, Ricardo Lewandowski construiu toda uma carreira na Administração Superior da Justiça "na boquinha", a partir dos serviços prestados como Secretário do PT em São Bernardo do Campo. É o Brasil! SPIT (Graça no País das Maravilhas) kadoshayres pedindo permissão para a permissão de colocar seus escritos aqui.

Mensalão: Lewandowski e suas contradições que beiraram servilismo.


               
      Dirceu Ayres

Ministros do Supremo Tribunal Federal fizeram intervenções ontem para apontar "contradições" no voto do revisor do processo do mensalão, Ricardo Lewandowski. Um dos pontos questionados foi a afirmação de que o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza não havia dado seu aval para um empréstimo tomado pelo PT junto ao Banco Rural em 2003. O ponto é fundamental na acusação para caracterizar uma ligação entre Valério e o então presidente do partido, José Genoino. Os dois, ao lado do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, assinaram o empréstimo no valor de R$ 3 milhões. Na última quarta, Lewandowski absolveu Genoino da acusação de corrupção ativa. O ministro Marco Aurélio indagou ao revisor se não era fato que Valério fora avalista da operação. Lewandowski negou. "Não, aval de Marcos Valério, não. Aval de José Genoino e Delúbio Soares, que eram o presidente e o tesoureiro do partido." Marco Aurélio insistiu, dizendo que havia notícia da participação de Valério no negócio. Lewandowski negou. Minutos depois, o presidente da corte, Carlos Ayres Britto, fez aparte para dizer ao revisor que havia consultado os autos e podia confirmar que Valério havia, sim, sido avalista. Marco Aurélio acrescentou que o dado "envolve a assertiva do réu Genoino de que não tinha ligação maior com Valério, de que os encontros eram casuais". A fala do réu, disse, ficava "contrariada" nesse ponto. Lewandowski tentou então relativizar a as assinaturas: "Vossas Excelências sabem como funcionam esses avais, o tesoureiro avaliza, o presidente avaliza." Ouviu uma provocação de Marco Aurélio: "Certamente não seria por altruísmo, tendo em conta o envolvimento do PT com a ideologia detida por Valério." Mais adiante, no voto sobre o ex-ministro José Dirceu, o revisor afirmou que o único "depoimento isolado" que sustentava a tese da compra de apoio parlamentar no Congresso era o do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Gilmar Mendes indagou se o colega não estava entrando em contradição ao condenar, na semana passada, deputados por corrupção passiva e Delúbio por corrupção ativa, afirmando não ter provas. Lewandowski disse que Mendes "não ouviu claramente" o que ele vinha dizendo. E que, para ele, bastava à oferta ou recepção da vantagem indevida por parte dos parlamentares, sem a necessidade de um ato de ofício. Mendes disse que o plenário havia decidido fato diverso: "Nós dizemos que houve ato de ofício. O ato de votar, de apoio político, o ato de participar das comissões".Celso de Mello afirmou que "o Ministério Público apontou,de modo específico na peça acusatória, a reforma tributária e a previdenciária". Lewandowski e Mello voltaram a trocar farpas quando o revisor afirmou que uma teoria jurídica que levaria a eventual condenação de Dirceu como dono "do domínio dos fatos" era uma teoria usada só para guerra e convulsões sociais. Mello discordou. Ayres Britto entrou na discussão. "Nos períodos de paz [também], esses aparatos organizados delituosos não precisam de guerra. Não. São chamados crimes de colarinho branco.” (Folha de São Paulo) (Coturno Noturno)

CABO ELEITORAL DO PT É PRESO COM DINHEIRO ESCONDIDO NA CUECA



   
         Dirceu Ayres

A Polícia Federal apreendeu R$ 1.280 em dinheiro escondidos na cueca de um cabo eleitoral do PT na madrugada desta sexta-feira (5), em Manaus. No momento em que foi detido pela Polícia Militar, o homem carregava material de propaganda eleitoral da candidata a vereadora Rosi Matos (PT) dentro do carro. No interior do veículo, os policiais encontraram um caderno contendo anotações cadastrais de eleitores. O homem, que não teve o nome divulgado, se identificou como membro do comitê da candidata. A PF o deteve por suspeita de compra de votos. Depois de prestar depoimento, o cabo eleitoral foi liberado. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da candidata Rosi Matos disse que o homem não pertence ao seu comitê, mas confirmou que a mãe dele é cabo eleitoral do partido. As apreensões de dinheiro em espécie, por suspeita de compra de votos, já somam cerca de R$ 180 mil no Amazonas, segundo a PF. Na manhã desta sexta-feira (5), em Tabatinga (1.105 km a oeste de Manaus), na fronteira com a Colômbia e o Peru, o juiz da titular da 36ª Zona Eleitoral, Leoney Figliuolo Harraquian, determinou a apreensão de R$ 90 mil encontrados dentro de uma sacola no carro do candidato a prefeito Raimundo Carvalho Caldas (PDT). Em depoimento na PF, Caldas disse que o dinheiro era de doação e seria depositado em conta bancária do partido. Ele foi apenas detido e, em seguida, liberado. O juiz Harraquian disse que recebeu uma denúncia de compra de votos da Polícia Militar contra Caldas. "A denúncia era fortíssima de compra de votos e, ele não conseguiu declarar a origem do dinheiro", afirmou. Na noite de quinta-feira (4), a polícia prendeu dois homens e uma mulher sob suspeita de corrupção eleitoral ativa, na zona norte de Manaus. Foi apreendido com eles material de propaganda do candidato a vereador Davi Valente Reis (PSDC). Os três foram surpreendidos pela Comissão de Fiscalização da Propaganda Eleitoral -do TRE-AM- quando realizavam o cadastro de eleitores com a promessa de pagamento de R$ 30,00 em troca de votos para o candidato Reis. Os três foram liberados após o pagamento de fiança no valor total de R$ 11.196,00. A reportagem tentou contato com Reis, mas não conseguiu localizá-lo. As apreensões fazem parte de uma intensa ação de fiscalizando em portos, aeroportos e rodovias para evitar a saída de altos valores às vésperas das eleições do próximo domingo. Do site da Folha de S. Paulo.

Quatro ministros contestam argumentos de Lewandowski


                    
    Dirceu Ayres

BRASÍLIA Ao longo do voto do revisor do processo do mensalão, Ricardo Lewandowski, quatro ministros contestaram seus argumentos, dando indícios de que votarão pela condenação de José Dirceu por corrupção ativa. Foram eles: Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e o presidente da Corte, Carlos Ayres Britto. A crítica mais forte partiu de Gilmar, quando o revisor afirmou que não havia provas de compra de votos no Congresso. Gilmar disse que o colega estava sendo contraditório. Afinal, Lewandowski já condenara deputados pelo recebimento de vantagem indevida e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares pelo pagamento das propinas. - Em seu voto, Vossa Excelência condena alguns deputados por corrupção passiva, entendendo que houve repasse de recursos para a prática de algum ato, aparentemente ato de apoio ou de participação. Também Vossa Excelência, em seu voto, condena Delúbio como corruptor ativo. Não parece que está havendo uma contradição nessa manifestação de Vossa Excelência? - questionou Gilmar. Celso de Mello cita MP Lewandowski argumentou que seguira o entendimento de colegas de que não seria necessário provar que o corrompido realizou ato de ofício em troca da vantagem indevida; bastava apenas considerar que o cargo ocupado pelos parlamentares daria a eles a oportunidade de agradecer a dádiva com uma providência. Quanto à condenação de Delúbio, o revisor não se pronunciou. Em seguida, Celso de Mello afirmou que, diferentemente do que dissera Lewandowski, o Ministério Público apontou esses atos de ofício: - O Ministério Público indicou que todo esse comportamento se realizou no contexto de pelo menos duas reformas, a previdenciária e a tributária. Quando o revisor afirmou não ter visto prova alguma contra Dirceu no pagamento de propinas, foi a vez de Marco Aurélio Mello lançar mão de mais uma de suas tradicionais ironias: - Vossa Excelência imagina que o tesoureiro de um partido político teria essa autonomia? Enquanto proferia seu voto, Lewandowski afirmou várias vezes que a única prova do Ministério Público contra Dirceu era o depoimento do presidente do PTB e delator do esquema, Roberto Jefferson - que, segundo o ministro, desmentiu as denúncias em depoimento ao Judiciário. Ayres Britto negou que Jefferson tivesse feito isso. Em outro trecho, Lewandowski declarou que Dirceu não participou da concessão de um empréstimo a sua ex-mulher, Maria Ângela Saragosa. O mútuo teria sido aprovado pelo Banco Rural com a influência de Marcos Valério, o operador do esquema. - Certamente não seria por altruísmo (a atuação de Marcos Valério no esquema) - comentou Marco Aurélio. Domínio do fato é contestado Ao fim de seu voto, Lewandowski contestou a teoria do domínio do fato, segundo o qual uma pessoa pode ser condenada mesmo que não tenha praticado todos os ilícitos, mas apenas uma parte deles, com a consciência de que está contribuindo para um esquema maior. Lewandowski chamou a teoria, usada no processo pelo Ministério Público Federal, de defasada e equivocada. Disse também que, como a tese foi construída para condenar mandantes de crimes do holocausto, não havia razão para usá-la para condenar os réus do mensalão, já que não se tratava de tempos de guerra. O presidente do STF, ministro Ayres Britto saiu em defesa da teoria do MP, dizendo que ela não precisa ser usada apenas em guerra. Celso de Mello também entrou na discussão para explicar que a teoria se aplica perfeitamente a crimes cometidos por pessoas associadas. O GLOBO - 05/10/2012 Carolina Brígido André de Souza.

PF apreende dinheiro em cueca de cabo eleitoral do PT em Manaus.


              

       Dirceu Ayres

A Polícia Federal apreendeu R$ 1.280 em dinheiro escondidos na cueca de um cabo eleitoral do PT na madrugada desta sexta-feira (5), em Manaus. No momento em que foi detido pela Polícia Militar, o homem carregava material de propaganda eleitoral da candidata a vereadora Rosi Matos (PT) dentro do carro. No interior do veículo, os policiais encontraram um caderno contendo anotações cadastrais de eleitores. O homem, que não teve o nome divulgado, se identificou como membro do comitê da candidata. A PF o deteve por suspeita de compra de votos. Depois de prestar depoimento, o cabo eleitoral foi liberado. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da candidata Rosi Matos disse que o homem não pertence ao seu comitê, mas confirmou que a mãe dele é cabo eleitoral do partido. As apreensões de dinheiro em espécie, por suspeita de compra de votos, já somam cerca de R$ 180 mil no Amazonas, segundo a PF. Na manhã desta sexta-feira (5), em Tabatinga (1.105 km a oeste de Manaus), na fronteira com a Colômbia e o Peru, o juiz da titular da 36ª Zona Eleitoral, Leoney Figliuolo Harraquian, determinou a apreensão de R$ 90 mil encontrados dentro de uma sacola no carro do candidato a prefeito Raimundo Carvalho Caldas (PDT). Em depoimento na PF, Caldas disse que o dinheiro era de doação e seria depositado em conta bancária do partido. Ele foi apenas detido e, em seguida, liberado. O juiz Harraquian disse que recebeu uma denúncia de compra de votos da Polícia Militar contra Caldas. "A denúncia era fortíssima de compra de votos e, ele não conseguiu declarar a origem do dinheiro", afirmou. Na noite de quinta-feira (4), a polícia prendeu dois homens e uma mulher sob suspeita de corrupção eleitoral ativa, na zona norte de Manaus. Foi apreendido com eles material de propaganda do candidato a vereador Davi Valente Reis (PSDC). Os três foram surpreendidos pela Comissão de Fiscalização da Propaganda Eleitoral do TRE-AM- quando realizavam o cadastro de eleitores com a promessa de pagamento de R$ 30,00 em troca de votos para o candidato Reis. Os três foram liberados após o pagamento de fiança no valor total de R$ 11.196,00. A reportagem tentou contato com Reis, mas não conseguiu localizá-lo. As apreensões fazem parte de uma intensa ação de fiscalizando em portos, aeroportos e rodovias para evitar a saída de altos valores às vésperas das eleições do próximo domingo. *KÁTIA BRASIL, na FolhadeSãoPaulo

Na boca da urna


           
      Dirceu Ayres


Entramos na chamada reta final. Da eleição municipal e da definição sobre o destino dos réus do processo judicial resultante do escândalo do mensalão. São duas as perguntas recorrentes: o julgamento terá influência no resultado eleitoral? Esse resultado poderá ser visto como uma espécie de ensaio geral para a eleição presidencial e parlamentar de 2014? Responda-se como quiser, pois as chances de erro e de acerto são as mesmas quando se faz um mero exercício de futurologia difícil de ser comprovado de modo a não deixar margem a dúvidas. De um lado, não há como um assunto que está todos os dias no Jornal Nacional não influir de alguma maneira. De outro, o PT já entrou mal nas disputas nas capitais e até apresentou melhoras de desempenho em algumas delas, como em Salvador. Portanto, por mais difícil que seja fazer essa medição em princípio, é possível dizer que o peso do julgamento no resultado das urnas é relativo. Já a influência de 2012 em 2014 é mais fácil de analisar. Claro que todo momento eleitoral é aproveitado pelos políticos para testar e renovar suas relações com o público. Muitos parlamentares lançam candidaturas a prefeito justamente no intuito de se colocarem em circulação na entressafra. Do mesmo modo, é hora de os pretendentes à Presidência começarem a se movimentar País afora. Lula lançou a então ministra Dilma Rousseff como "mãe do PAC" em fevereiro de 2008 e fez da suposição de que seria a escolhida para disputar a sucessão dele em 2010 um assunto daquela eleição municipal. Agora, quando o lulismo começa a dar sinais de esgotamento, o senador Aécio Neves comparece a microfones e palanques assim como o governador Eduardo Campos mostra suas credenciais. Mas, quem se lembra de quantas prefeituras o PT ganhou em 2008? Qual foi a importância dessa contabilidade no pleito de 2010? Pois é. A vitória foi desenhada ao longo do ano eleitoral propriamente dito. Até porque o oponente José Serra começou na frente, com mais de 40% das intenções de voto. O que isso teve a ver com o desempenho do PSDB na municipal de dois anos antes? Nada. Ademais, há os fatos novos. Em 2010 foi a candidatura de Marina Silva com seus 20 milhões de votos. Não serão as urnas de 2012 que nos responderão se em 2014 haverá algum. A aflição preenche conversas, mas não necessariamente produz clareza absoluta. Se a idéia é medir influências, há questões mais importantes em jogo que saber se o mensalão vai dificultar a vida do PT ou se a lista de perde-ganha de agora vai repercutir em 2014. Essencial é perceber e daí se aprofundar na discussão sobre a influência que as decisões do Supremo terão sobre a mudança das práticas arcaicas na política. Se as punições cumprirão finalmente a função pedagógica na qual está empenhado o tribunal que ora consolida a independência do Judiciário. Mais: evidencia o quanto se deforma a República quando o Legislativo se subordina ao poder de cooptação do Executivo. Inconstitucional. Na primeira parte da sabatina do ministro Teori Zavascki no Senado passou praticamente despercebida a resposta do indicado ao STF sobre a possibilidade de haver recursos a cortes internacionais para contestar as sentenças da ação 470. Ele disse o seguinte: "Acho que é contra a nossa Constituição e contra a jurisprudência do Supremo". Vida útil. Sem comparações. Apenas a título de contribuição ao conceito de velho e novo na política: se Nelson Mandela, 94, tivesse se aposentado aos 70 anos de idade não teria liderado o processo do fim do regime segregacionista do apartheid, não teria recebido o prêmio Nobel da Paz nem teria sido presidente da África do Sul, de 1994 a 1999. Mandela retirou-se da vida pública aos 85 anos. Dora Kramer - O Estado de S.Paulo