quinta-feira, 18 de outubro de 2012

SERRA LANÇA SEU PLANO PARA SÃO PAULO E DISPARA: "NÓS SOMOS DA TURMA DO NÃO MENSALÃO!"


             
     Dirceu Ayres

O candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, e a cúpula da campanha tucana fizeram na noite desta segunda-feira o mais duro e uníssono discurso da oposição contra o PT desde o início do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto. Para além da candidatura do petista Fernando Haddad, as críticas miravam o modelo de gestão e de busca pelo poder do PT em nível nacional. E procuravam distinguir o candidato tucano dessa geleia geral. “Nós somos a turma do não-mensalão”, resumiu José Serra em discurso a mais de 500 correligionários em uma sala de cinema alugada pela campanha na região da Avenida Paulista, para o lançamento de seu programa de governo. “São Paulo não tem de se ajoelhar nem de servir de cortina de fumaça para ninguém.” Em discurso inflamado, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) atribuiu o empenho do PT em ganhar as eleições em São Paulo aos planos de gente como José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil de Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção no julgamento do mensalão. “O verdadeiro programa de governo do PT, aquele pelo qual eles farão um empenho sem limites, é aquele de que José Dirceu falou: ganhar a eleição em São Paulo”, afirmou Aloysio. “Eleição para eles é embargo de declaração. Eles querem ganhar a eleição para que o povo de São Paulo declare que eles estão limpos, que o mensalão não existiu.” O maior escândalo de corrupção da República teve curso durante do governo Lula e consistia na compra de apoio de deputados para aprovação de projetos de interesse do governo federal. José Dirceu é apontado pela Procuradoria-Geral da República como o chefe da quadrilha do mensalão. As falas provam que a campanha de Serra está mais do que disposta a expor os vínculos indeléveis entre Haddad e o PT – e entre o PT e o mensalão. DETONANDO HADDAD  Aloysio aplicou-se ainda para desconstruir as propostas apresentadas por Haddad ainda no primeiro turno das eleições. “Percorri o calhamaço que é o programa de governo do adversário como quem atravessa um oceano com água pelas canelas. É o suprassumo do lugar comum, do politicamente correto”, afirmou o senador. “Seria melhor que ele contratasse o laranja do Celso Russomanno para fazer um post scriptum. É uma antologia de bobagens e de chuva no molhado.” No primeiro turno, Russomanno, candidato do PRB, usou o nome de um funcionário da prefeitura para assinar seu inconsistente plano de governo. Aloysio Nunes comparou a obra viária do Arco do Futuro de Haddad - ampliação e construção de novas vias - ao Fura-Fila, corredor de ônibus elevado, do ex-prefeito Celso Pitta. A inexperiência e a falta de conhecimento sobre a cidade de Fernando Haddad foram pontos que perpassaram os discursos dos aliados de Serra, entre eles o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB). “Serra não é um candidato improvisado. Ele conhece São Paulo”, afirmou Alckmin. O ex-governador Alberto Goldman disse que a cidade não quer no comando alguém sustentado por “muletas”. “Prefeito não pode vir aqui para fazer estágio nem usar a cidade para uma experiência. Não queremos um estagiário”, disse Goldman.  Programa de governo – As propostas de José Serra foram compiladas em um livreto de setenta páginas com as contribuições de mais de 2.000 pessoas. O trabalho foi coordenado pelo administrador e engenheiro Hubert Alquéres e subdividido em quinze grandes áreas. O primeiro capítulo do material é dedicado a lembrar conquistas de Serra e de Kassab à frente da prefeitura e jogar luz sobre os objetivos para os próximos anos, caso o tucano seja eleito. Entre as novidades do programa está a bolsa-creche, um auxílio para as mães carentes que aguardam vaga para seus filhos em creches da prefeitura. Do site da revista Veja

"Estará em jogo, em última instância, uma fatia importante da democracia brasileira"


              

    Dirceu Ayres

No próximo dia 28, em São Paulo, a maior e mais importante cidade do Brasil, não estará sendo apenas eleito um novo prefeito, escolhido entre José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT). Estará em jogo, mais que isso, decidir se o PT prosseguirá, ou não, com seu projeto hegemônico, de “cristinakirchnerização” da vida pública brasileira, de ocupar com seus quadros todos os espaços possíveis, de tornar difícil, se conseguir, a vida da imprensa livre, de permanecer no poder custe o que custar, mesmo depois do mensalão. Estará em jogo, em última instância, uma fatia importante da democracia brasileira. O tucano José Serra, então, é um novo Messias? É o melhor candidato da história da República? É um super-herói sem máculas que barrará o avanço dos malvados vilões da fita? O petista Fernando Haddad, por sua vez, seria o demônio personificado? Um troglodita político que esmagará a porretadas as liberdades públicas, de seu gabinete no Viaduto do Chá? Nada disso, é claro. Serra tem qualidades que o ódio de seus inimigos não reconhece: enorme experiência, um saldo muito positivo como secretário do Planejamento do governador Franco Montoro (1983-1987), como um dos deputados mais ativos da Constituinte, um senador profícuo, um ministro da Saúde que marcou época, um prefeito efêmero, mas eficaz, da cidade de São Paulo, um excelente governador do Estado durante três anos e meio. Tem defeitos? Deus sabe que sim: é excessivamente centralizador, não ouve quase ninguém, deveria ser menos arrogante e ter mais respeito pelos adversários (e, às vezes, pelos próprios aliados), ostenta um péssimo humor que não ajuda em nada suas tarefas. Pesam contra ele acusações? Sim, pesam, a começar pela tal história do tal Paulo Preto. Mas não custa lembrar que o PT está há dez anos no poder, há dez anos tem o Ministério da Justiça, há dez anos manda na Polícia Federal. Se trabalharmos com fatos, a pergunta é obrigatória: onde estão as investigações, ou sequer os indícios de qualquer irregularidade? Haddad é um quadro novo, relativamente jovem (além de não aparentar seus 49 anos) e promissor do PT. Professor da USP, bacharel, mestre e doutor e, diferentemente da maioria dos graduados petistas trabalhou, sim, na iniciativa privada, e ainda mais no setor financeiro. Já está na vida pública há 11 anos, com passagem pela área de economia e planejamento tanto na Prefeitura de São Paulo como trabalhando com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Seus sete anos como ministro da Educação do lulalato e de Dilma foram um período de altos e baixos, e o saldo, a despeito de seus esforços, não passou de medíocre e controvertido. O problema não está em Haddad, cujas qualidades incluem a afabilidade pessoal e o bom trato com assessores e subordinados. O problema é o projeto de que Haddad – por força do dedazo de Lula, que o empurrou como candidato goela abaixo do PT paulistano — faz parte. Haddad, que Lula levou pela mão no humilhante e outrora absolutamente inimaginável peregrinação até a casa de Paulo Maluf, quando vendeu mais uma parte da alma do PT em troca e menos de 2 minutos de tempo na TV. O projeto de Lula, que é também… * o projeto de comprar o Congresso com dinheiro sujo, e subordiná-lo ao Executivo, * o projeto de José Dirceu, do “bater neles nas urnas e nas ruas”, * o projeto de que cooptou quase todo o leque partidário à custa de cargos, vantagens e tudo o que antes se criticava da “velha política” brasileira no afã de alcançar, dispor de e manter o poder até onde a vista alcança, * o projeto de um “núcleo duro” que, com raríssimas exceções, nunca escondeu seu desprezo pela “democracia burguesa”,
* o projeto de Rui Falcão, aquele que, embora membro dela desde sempre, denuncia “a elite” e ofende o Supremo Tribunal Federal ao incluí-lo entre a oposição “conservadora, suja e reacionária”, * o projeto da turma de Franklin Martins, que ressurge dentro do PT querendo o “controle social” da imprensa, sinônimo de calar a imprensa livre, * o projeto dos que consideram as consideram as condenações impostas pelo Supremo Tribunal Federal a mensaleiros e ladravazes como um “golpe” da oposição –coitadinha dela — e da imprensa, um improvável e espantoso golpe contra um EX-presidente, não aceitando as regras mais elementares da democracia e do Estado de Direito, * o projeto de quem, propositalmente, martela nos ouvidos da opinião pública que quem se opõe aos desígnios do PT “é contra o Brasil” — como fazia a ditadura militar com o “ame-o ou deixe-o”, * o projeto de quem esvaziou, desmoralizou e politizou as agências reguladoras— criadas para serem entes de Estado, e não de governo, com padrão e ação técnicos –, distribuindo-as como moeda de troca entre partidos,
* o projeto de quem inchou com milhares de militantes partidários os quadros da administração pública, * o projeto de quem distribuiu cargos gordíssimos e bem remunerados em conselhos de estatais e de fundos de pensão de funcionários de estatais a sindicalistas “companheiros” — não pela competência, mas pela afinidade ideológica, * o projeto de quem prestou, e em menor grau ainda continua prestando, seguidas homenagens a regimes párias como o de Cuba e o do Irã, e estende tapete vermelho a demagogos autoritários como Hugo Chávez ou governantes que pisam nos interesses brasileiros, como Evo Morales,
* o projeto de quem tratou os narco-terroristas das chamadas “Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia”, as Farc, como grupo político no cenário colombiano, e não como os bandidos, sequestradores e assassinos que são, tendo por eles mais consideração do que com os governos democráticos, mas “de direita”, de Bogotá, * o projeto de quem envergonhou o Brasil se abstendo de condenar, na ONU, regimes que pisoteiam os direitos humanos, concedendo prioridade em desferir caneladas em aliados ocidentais, a começar pelos Estados Unidos, * o projeto de quem, qual república de bananas, abriu generosamente os braços ao terrorista e assassino Cesare Battisti, concedendo-lhe o status de refugiado político e ferindo os brios de uma democracia exemplar como a Itália, país amigo e terra dos ancestrais de mais de 30 milhões de brasileiros,
* o projeto de quem, na oposição, por décadas se opôs sistematicamente, por razões ideológicas, a medidas que beneficiavam o Brasil, de tal forma que nada que a atual oposição faça possa nem de longe lembrar o comportamento deletério e derrotista manifestado por Lula e o lulo-petismo ao longo de sucessivos governos,
* o projeto a que resiste, como uma rocha, há 18 anos, o eleitorado do Estado de São Paulo, acompanhado há menos tempo pelos eleitores Minas Gerais e, aqui e ali, pelo de Estados como o Paraná, o Pará e Goiás, razão pela qual a conquista da cidade de São Paulo é vista como um passo importante para “descontruir” a administração tucana do Estado e tentar abocanhá-lo em 2014. Quase todo mundo sabe, mas, como nossa memória é curta, e a memória de boa parte dos lulo-petistas extremamente seletiva, vale lembrar que Lula e sua turma, entre outros episódios que vou deixar de lado… *… foram contra a eleição de Tancredo Neves como presidente da República em 1985, ato que encerraria a ditadura militar, dando lugar a um regime civil que restauraria as liberdades públicas e a democracia. Os então deputados petistas que votaram em Tancredo – Ayrton Soares (SP), Bete Mendes (SP) e José Eudes (RJ) — foram expulsos do partido. *… não participaram da solenidade de homologação da nova Constituição democrática, a 5 de outubro de 1988, e deixaram claras suas “ressalvas” ao texto aprovado por todos os deputados e senadores de todos os partidos. Os petistas assinam a nova Constituição, porque era uma formalidade inescapável, mas o próprio Lula, então deputado constituinte, pronunciou um longo discurso 12 dias antes da promulgação, a 23 de setembro de 1988, dizendo, com todas as letras: “O partido [PT] vota contra o texto, e amanhã, por decisão do nosso Diretório – decisão majoritária – assinará a Constituição, porque entende que é o cumprimento formal da sua participação nessa Constituinte”. * … defenderam em 1989 o calote da dívida externa brasileira, com Lula candidato à Presidência – seria derrotado no segundo turno por Fernando Color –, medida que levaria o Brasil à bancarrota e à desegraça, faria secar os investimentos externos por tempo indeterminado e transformaria o país em pária internacional. * … recusaram-se num momento de gravíssima crise institucional, no final de 1992, a colaborar com o vice Itamar Franco, que assumiu em definitivo a Presidência com o afastamento de Fernando Collor e, no Planalto, tentou fazer um governo de grande acordo nacional para tirar o país do caos econômico e da derrocada moral a que o levara seu antecessor. A ex-prefeita petista de São Paulo Luiza Erundina, uma exceção, cometeu o “crime” de cooperar com o presidente Itamar como ministra da Administração e viu-se obrigada a deixar o PT. * … combateram sem tréguas o Plano Real, classificando como “eleitoreiro” o mais bem sucedido programa de estabilização da moeda da história econômica do país, concebido por equipe reunida pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e bancado pelo presidente Itamar. Sem ele, como se sabe, os proclamados êxitos econômicos do lulalato não existiriam. * … se opuseram ferozmente a todas as privatizações que, durante os dois mandatos de FHC (1995-2003), dinamizaram e modernizaram a economia do país, aumentaram a arrecadação de impostos, diminuíram o peso do Estado, melhoraram a competitividade do Brasil no mercado internacional e tornaram o país terreno fértil para investimentos estrangeiros. A oposição do lulo-petismo, que não esteve alheio à participação em atos de hostilidade e mesmo da agressão física a empresários e autoridades durante leilões na Bolsa de Valores, incluiu a da telefonia, que permitiu entre outros resultados que o país pulasse em menos de duas décadas de 800 mil celulares para os mais de 200 milhões que tem hoje.
* … manifestaram-se em 1999 inteiramente contra a adoção de um dos três pilares da estabilidade do país – a política de câmbio flutuante. No mesmo ano, declararam-se contrário ao segundo deles, a política de metas de inflação. No ano seguinte, combateram e votaram contra o terceiro pilar do tripé que, ironicamente, propiciaria um governo extremamente favorável ao próprio Lula – a Lei de Responsabilidade Fiscal . * … inventaram e propagaram uma campanha de teor golpista e antidemocrática, o “Fora FHC”,tão logo o presidente iniciou em 1999 o segundo mandato, para o qual, derrotando Lula, foi eleito por MAIORIA ABSOLUTA dos eleitores brasileiros, e no PRIMEIRO TURNO.
* combateram e criticaram, a partir de 2001, várias medidas da chamada “rede de proteção social” estabelecida pelo governo FHC, como o Bolsa Escola, o vale-alimentação, o vale-gás, o auxílio a mulheres grávidas que fizessem todos os exames do prénatal e o auxílio a famílias que evitassem o trabalho infantil de seus integrantes. Os distintos programas que Lula e seus seguidores, na oposição, consideravam “esmola” e parte de uma suposta ação eleitoreira viriam a ser unificados durante o lulalato e transformados em sua principal vitrine: o Bolsa Família — utilizado, como todos sabemos como O instrumento eleitoreiro por excelência. Por tudo isso, e por mais que se poderia relacionar aqui, o voto CONTRA o PT em São Paulo se impõe — para impedir que um projeto hegemônico que, misturando belas palavras e sorrisos com ameaças, pretende moldar a democracia brasileira a seus desígnios. *Por Ricardo Setti BLOG DO MARIO FORTES

PT prepara manifesto a favor do Mensalão.


    
    Dirceu Ayres

Contrariada com as condenações do Supremo Tribunal Federal de membros do PT no processo do mensalão, a cúpula do partido prepara um manifesto que deve ser divulgado logo após o julgamento. "O partido vai se manifestar formalmente sobre o que entende do julgamento", disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão. Quatro integrantes do PT foram condenados: o deputado federal João Paulo Cunha (SP), o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do partido José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares. A maioria dos ministros STF concluiu que Dirceu comandou o esquema de compra de votos no Congresso em troca de apoio político durante o primeiro mandato do governo Lula e o condenou por corrupção ativa. Genoino e Delúbio também foram condenados pelo mesmo crime. João Paulo, outro integrante do PT de São Paulo, já foi condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. Ele era candidato à Prefeitura de Osasco, mas, com o resultado do julgamento, renunciou. Já o ex-líder do governo Professor Luizinho e o ex-ministro Luiz Gushiken foram absolvidos. Sem dar detalhes sobre o documento, Falcão disse que o mais provável é que a manifestação da cúpula do partido seja realizada junto com o fim do segundo turno das eleições municipais, que ocorrem no próximo dia 28. "O andar do julgamento no Supremo tem corrido junto com as eleições. Mas ainda vamos ver o que entendemos com o final do julgamento." No fim de julho, Falcão gravou declarações no site do partido em que diz que não existiu o esquema de compras de votos no Congresso. Diferentemente de Falcão, o ex-presidente Lula tem dito aos correligionários do partido que a melhor resposta ao julgamento do mensalão é uma vitória na eleição. Para Falcão, é preciso dar uma resposta mesmo se o partido vencer em São Paulo: "Uma vitória lá tem um significado político, mas não tem relação com o julgamento", disse. (Folha de São Paulo)