terça-feira, 30 de outubro de 2012

PENSAMENTOS SOLITÁRIOS.



     Dirceu Ayres

Por vezes me encontro com pensamentos flutuantes e muitos dispersos. Uma dessas vezes eu me perguntava por que não consigo entender coisas que acho tão fáceis, coisas bobas ou triviais. Pensando com meus botões á me perguntar: Porque um sujeito mata uma mocinha de 14 ou 15 anos em plena flor da mocidade, logo que vai preso levam para a autoridade competente que o escuta, pergunta por que a estuprou, maltratou muito e como se isso não bastasse a matou e deixou seus restos mortais nos matos. Ao que ele respondeu... Deu vontade! Depois de lida sua ficha e saber de seus 16 anos de idade a autoridade mandou que o soltasse. Sabemos de um caso bastante interessante. O homem matou a esposa e desapareceu algum tempo depois no dia da Eleição ele apareceu vestido a moda e com barba de Raul Seixas foi ao cartório votou e sumiu outra vez. Poderíamos perguntar por que ele não ficou preso. A resposta... Existe uma famigerada lei que determina que antes e depois dos dias de Eleição não podemos prender ninguém, o homem continua zombando das leis ou da justiça. Confesso que há uns meses passados fiquei seriamente aborrecido com um acontecimento que já está corriqueiro para nos. Um jovem delinqüente (com cerca de 14 anos) invadiu uma casa de residência em um bairro de S. Paulo. Comeu bastante, bebeu e roubou tudo que estava no seu alcance e de seus companheiros. Por falta de sorte três dias depois do roubo foi preso e a autoridade policial ao interrogá-lo constatou que se tratava de um famigerado “de menor” em seguida foi liberado e voltou para a rua. Sem surpresa nenhuma constatamos que no mesmo dia ele assaltou uma senhora em um veículo e sem o menor constrangimento atirou e matou aquela senhora mãe de duas filhas gêmeas, Advogada com marido e família que a esperavam em casa. Ao ser preso novamente e na entrada da Delegacia viu o companheiro e gritou, “cara atirei na nina e acertei” Sabemos que logo esse famigerado estará solto e eles sabem também. È de se perguntar, porque é assim? Parece-nos que as leis e assustadoramente a resposta é que foram feitas muito frágil e em se tratando de menores ((delinqüentes) eles é que são os beneficiados, aparentemente essas leis só protegem os delinqüentes. São as tais leis que deveriam proteger os menores abandonados, menores que vivem abaixo da linha da pobreza. Crianças verdadeiramente pobres, pedintes e sem ajuda preciosa dos órgãos do Governo isso lembra que órgãos do governo (câmara dos deputados) criaram leis, proclamaram e falaram muito, mas, ainda falta regulamentar seu uso. Podemos lembrar aqui que poucos dias atrás três meliantes de 18 a 19 anos atiraram e mataram uma menina de quinze anos a caminho de sua casa acompanhada de seu namorado. Foram presos e ao depor junto à delegada do plantão disseram: Atirei e matei, quem manda resistir. Ora a mocinha não resistiu, só não queria entregar a bolsinha que tinha seus desenhos infantis. Que porca miséria, não tem lei e ninguém tem interesse de modificar esse tipo de desgraça. Os bandidos, adolescentes e com várias internações na fundação Casa, foram presos pouco depois. Na delegacia, os ladrões ainda debocharam da vítima, que teria reagido. A estudante Caroline Silva Lee, de 15 anos, foi assassinada com dois tiros na nuca ao tentar impedir que os três meliantes adolescentes roubassem sua bolsa. Que desgraça temos no Brasil e os políticos o que fazem???

RESPOSTA PARA A CARTINHA ABERTA DA FILHA DE GENOÍNO




     Dirceu Ayres

Carta aberta aos brasileiros da filha de José Genoino. A coragem é o que dá sentido à liberdade. Com essa frase, meu pai, José Genoino Neto, cearense, brasileiro, casado, pai de três filhos, avô de dois netos, explicou-me como estava se sentindo em relação à condenação que hoje, dia 9 de outubro, foi confirmada. Uma frase saída do livro que está lendo atualmente e que me levou por um caminho enorme de recordações e de perguntas que realmente não têm resposta. Lembro-me que quando comecei a ser consciente daquilo que meus pais tinham feito e especialmente sofrido, ao enfrentar a ditadura militar, vinha-me uma pergunta à minha mente: será que se eu vivesse algo assim teria essa mesma coragem de colocar a luta política acima do conforto e do bem estar individual? Teria coragem de enfrentar dor e injustiça em nome da democracia? Eu não tenho essa resposta, mas relembrar essas perguntas me fez pensar em muitas outras que talvez, em meio a toda essa balbúrdia, merecem ser consideradas... Você seria perseverante o suficiente para andar todos os dias 14 km pelo sertão do Ceará para poder frequentar uma escola? Teria a coragem suficiente de escrever aos seus pais uma carta de despedida e partir para a selva amazônica buscando construir uma forma de resistência a um regime militar? Conseguiria aguentar torturas frequentes e constantes, como pau de arara, queimaduras, choques e afogamentos sem perder a cabeça e partir para a delação? Encontraria forças para presenciar sua futura companheira de vida e de amor ser torturada na sua frente? E seria perseverante o suficiente ao esperar 5 anos dentro de uma prisão até que o regime político de seu país lhe desse a liberdade? E sigo... Você seria corajoso o suficiente para enfrentar eleições nacionais sem nenhuma condição financeira? E não se envergonharia de sacrificar as escassas economias familiares para poder adquirir um terno e assim ser possível exercer seu mandato de deputado federal? E teria coragem de ao longo de 20 anos na câmara dos deputados defender os homossexuais, o aborto e os menos favorecidos? E quando todos estivessem desejando estar ao seu lado, e sua posição fosse de destaque, teria a decência e a honra de nunca aceitar nada que não fosse o respeito e o diálogo aberto? Meu pai teve coragem de fazer tudo isso e muito mais. São mais de 40 anos dedicados à luta política. Nunca, jamais para benefício pessoal. Hoje e sempre, empenhado em defender aquilo que acredita e que eu ouvi de sua boca pela primeira vez aos 8 anos de idade quando reclamava de sua ausência: a única coisa que quero, Mimi, é melhorar a vida das pessoas... Este seu desejo, que tanto me fez e me faz sentir um enorme orgulho de ser filha de quem sou, não foi o suficiente para que meu pai pudesse ter sua trajetória defendida. Não foi o suficiente para que ganhasse o respeito dos meios de comunicação de nosso Brasil, meios esses que deveriam ser olhados através de outras tantas perguntas... Você teria coragem de assumir como profissão a manipulação de informações e a especulação? Se sentiria feliz, praticamente em êxtase, em poder noticiar a tragédia de um político honrado? Acharia uma excelente ideia congregar 200 pessoas na porta de uma casa familiar em nome de causar um pânico na televisão? Teria coragem de mandar um fotógrafo às portas de um hospital no dia de um político realizar um procedimento cardíaco? Dedicaria suas energias a colocar-se em dia de eleição a falar, com a boca colada na orelha de uma pessoa, sobre o medo a uma prisão que essa mesma pessoa já vivenciou nos piores anos do Brasil? Pois os meios de comunicação desse nosso país sim tiveram coragem de fazer isso tudo e muito mais. Hoje, nesse dia tão triste, pode parecer que ganharam, que seus objetivos foram alcançados. Mas ao encontrar-me com meu pai e sua disposição para lutar e se defender, vejo que apenas deram forças para que esse genuíno homem possa continuar sua história de garra, HONESTIDADE e defesa daquilo que sempre acreditou. Nossa família entra agora em um período de incertezas. Não sabemos o que virá e para que seja possível aguentar o que vem pela frente pedimos encarecidamente o seu apoio. Seja divulgando esse e/ou outros textos que existem em apoio ao meu pai, seja ajudando no cuidado a duas crianças de 4 e 5 anos que idolatram o avô e que talvez tenham que ficar sem sua presença, seja simplesmente mandando uma palavra de carinho. Nesse momento qualquer atitude, qualquer pequeno gesto nos ajuda, nos fortalece e nos alimenta para ajudar meu pai. Ele lutará até o fim pela defesa de sua inocência. Não ficará de braços cruzados aceitando aquilo que a mídia e alguns setores da política brasileira querem que todos acreditem e, marca de sua trajetória, está muito bem e muito firme neste propósito, o de defesa de sua INOCÊNCIA e de sua HONESTIDADE. Vocês que aqui nos lêem sabem de nossa vida, de nossos princípios e de nossos valores. E sabem que, agora, em um dos momentos mais difíceis de nossa vida, reconhecemos aqui humildemente a ajuda que precisamos de todos, para que possamos seguir em frente. Com toda minha gratidão, amor e carinho, Miruna Genoino.

RESPOSTA PARA A CARTINHA ABERTA DA FILHA DE GENOÍNO. Bom, como a carta aberta da filha de Genoíno é endereçada À TODOS OS BRASILEIROS, e eu, como carioca da gema, filho agradecido de nordestino cabra da peste e de uma mineirinha de 1.57cm, enfezada feito uma capeta mestruada, tenho, por óbvio, o direito de responder. Querida Miruna, me solidarizo, sinceramente, com sua dor. Um filho ou filha, agradecidos ao pai que lhes trouxe ao mundo, funciona como um advogado, quando da defesa de um réu. Lamentávelmente o fato de ser avô, ter dois filhos e 3 netos, por si só, não garante que um cidadão que se enquadre nesta condição seja elevado à condição acima de quaisquer suspeitas. Fernandinho Beira Mar é pai. Tem 4 filhos (reconhecidos) e também é avô de dois netos e isso, convenhamos, não serve de passaporte para a impunidade. Infelizmente Você teve a CONSCIÊNCIA do que seu pai fez durante o REGIME MILITAR. Eu, ao contrário de você, vivi todos os piores momentos daquela época. Não estranhe o fato: MAS MUITOS BRASILEIROS COLOCARAM SUAS VIDAS EM RISCO, ACIMA DO CONFORTO E DO BEM ESTAR INDIVIDUAL, para resgatar nossa democracia. Eu estava nesse meio, como outros milhares de brasileiros. E comecei a fazer isso, com apenas 16 anos de idade. Seu pai, ao contrário do que afirmas, causou mais dor do que tenha sentido. Basta que você leia sobre a guerrilha do Araguaia, motivo de orgulho de seu pai, para saber o que realmente ali se passou. Os justiçamentos, os seqüestros, os assaltos, tudo registrado nos arquivos com ambas as visões: a fantasiosa e a verdadeira. A de bandidos que queriam se transformar em heróis e heróis que foram transformados em bandidos pelo fisólofos à soldo do petralhismo, por jornalistas engajados e historiadores que fraudaram a história. Você, com acerto, diz não ter as respostas para as perguntas que se faz, ao contrário dos que vivenciaram cada frame negro daquele filme. Hoje, quem viveu aquele momento, sabe as respostas de todas as perguntas, e sabem que faltam perguntas para tantas respostas. Por exemplo: Que?Forma de resistência? é essa que falas? Os justiçamentos ocorridos no Araguaia pela SIMPLES DESCONFIANÇA DE QUE UM COMPANHEIRO ESTAVA TRAINDO O GRUPO? O assassinato a marteladas de um jovem tenente que acreditou nas promessas dos guerrilheiros e resolveu se entregar? Uma bomba deixada no aeroporto de Guararapes que deixou 17 vítimas e dois inocentes mortos? Ou a que matou um jovem soldado de apenas 19 anos de idade? São mais de 40 anos de vida política, diz você. Excetuando-se todas as falsas glorificações dos heróis bandidos, o que sobra de vida de seu pai, se é que cometeu algo de louvável, restou findo no dia de hoje e de forma DEMOCRÁTICA, LEGAL, SEGUNDO O ORDENAMENTO JURÍDICO DE NOSSA NAÇÃO e ONDE LHE FOI DADO TODO O DIREITO À AMPLA DEFESA que, diga-se, centrou na mais cínica mentira que seu próprio texto, nas entrelinhas, conclui. E aí, Miruna, chegou a hora de você apresentar respostas para as perguntas sobre as respostas que temos: 1) Sendo seu pai tudo o que você descreve com esse belo amor de filha, como pode eLLe não saber de nada do que era feito bem debaixo de seu nariz? 2) Sendo esse HOMEM PRESUMIDAMENTE, POR VOCÊ, CORAJOSO COMO SEMPRE FOI, segundo diz você, POR QUE ELLE NÃO DISSE NÃO AO QUE OUTROS FAZIAM E AINDA COLOCANDO SUA ASSINATURA PESSOAL EM EMPRÉSTIMOS FRAUDULENTOS? 3) SENDO ESSE HOMEM TÃO COMBATIVO QUE SEU AMOR FRATERNO DESCREVE, POR QUE ELLE NÃO IMPEDIU QUE SE COMETESSE UM CRIME NOJENTO, BEM DEBAIXO DO SEU NARIZ, QUE PODERIA CHEGAR AO QUE CHEGAMOS HOJE? 4) SE ELLE LHE DISSE, AOS 8 ANOS: ?MIMI, QUERO MELHORAR A VIDA DAS PESSOAS?, então por que permitiu que uma quadrilha roubasse a grana de milhões de brasileiros que trabalham diuturnamente para pagar impostos escorchantes que foram roubados em nome de uma causa? 5) Suponhamos, Mimi, que seu pai soubesse de tudo o que aconteceu nesse episódio tenebroso que atentou contra a nossa democracia, pergunto: Então, por que não saiu do partido? Por que comemorou várias vezes com muitos integrantes do bando as ?vitórias? do governo, compradas com dinheiro sujo? 6) E a pergunta final Mimi: POR QUE, TENDO TODAS AS CHANCES DE SE DEFENDER, NÃO O FEZ DE FORMA CABAL, ONDE NÃO RESTASSEM DÚVIDAS SOBRE SUA ATUAÇÃO? POR QUE MENTIU TANTO? POR QUE, CORAJOSO, NÃO OPTOU PELA VERDADE? Ah, Mimi, não recrimine ?os meios de comunicação? desta nossa nação. Muitos jornalistas se esmeram em produzir e divulgar as farsas aprontadas por LuLLa e sua quadrilha. Mas ela, Mimi, ainda é livre. Na Argentina, cujo governo da doida que seu pai defende, a imprensa está sendo cassada. Em Cuba ela só existe para falar bem do governo assassino que seu pai defende. Na Venezuela, as versões que prevalecem, são as oficiais. As poucas que falam a verdade, ou foram ?estatizadas? ou ?foram eliminadas?. Todos estes exemplos de democracia, são defendidos pelo seu querido pai. Seu pai terá, como preza nossa democracia, o pleno direito de espernear o quanto quiser. Faz parte. Da mesma forma, temos o direito de torcer para que a pena que lhe seja imposta seja suficientemente grande, para que não retorne como falso herói novamente. Se pai Miruna, com toda a razão e compreensão que nos cabe ter neste momento difícil que vives, pode ser o HERÓI que sua visão enxerga. É o seu papel de filha e lhe admiro por isso. Mas para nós brasileiros, que cansamos de impunidade, que cansamos das mentiras contadas por LuLLa e amplamente defendidas por seu pai, que cansamos do cinismo com que fomos tratados, que quase desistimos de lutar por esta nação, ao constatarmos todos os dias que os bandidos de sempre impunham à milhões de brasileiros uma pauta sobre a qual não nos cabia o direito de defesa, seu pai não passa de um bandido covarde que ajudou a roubar o dinheiro que poderia construir escolas, creches, hospitais, comprar medicamentos para quem não tem como pagar, dar casas para quem não tem onde morar e realmente, como eLLe lhe disse aos 8 anos: ?que a única coisa que queria, era melhorar a vida das pessoas?. Sinto muito Miruna pela sua dor e pelo momento difícil que estás passando. Mas não nos tire o direito de sentir uma alegria esfuziante por ver resgatada a justiça que parecia nos ter abandonado. Não nos tire a alegria de poder constatar que um Brasil mais justo e mais honesto, mais verdadeiro e menos cheio de farsantes e mentirosos esteja, finalmente, renascendo. Lamento te dizer Miruna, Mas a sua dor é do tamanho exato da alegria das pessoas decentes. Do simples carteiro que encontra uma mala de dinheiro e devolve, ao invés de escondê-la nas cuecas, como fez seu tio, das pessoas que trabalham incansavelmente para dar um futuro melhor para seus filhos, sem praticar qualquer tipo de crime. Do policial que prende quem tenta lhe subornar. Do juiz que julga de forma imparcial um réu, seja ele quem for. Do político que honra os votos que recebeu. A sua tristeza, Miruna, é a compreensível tristeza de filha. A minha alegria, ao ver seu pai preso, pagando pelos crimes que cometeu, é a de um brasileiro que quer deixar para os netos, um país LIMPO? JUSTO? HONESTO e COM PLENO EXERCÍCIO DA MAIS LIVRE E RESPONSÁVEL DEMOCRACIA. Por fim Miruna, não "É A CORAGEM QUE DÁ SENTIDO À LIBERDADE", como você disse nas primeiras linhas de sua cartinha, mas o medo de perdê-la. A CORAGEM, querida e competente filha, só são necessárias para se defender a verdade como norte, quando todos defendem a mentira como método. http://gentedecente.com.br/notic/editoriais/9543-resposta-para-a-cartinha-aberta-da-filha-de-genoino.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+ComunidadeGenteDecente+%28Benvindos+%C3%A0+Comunidade+Gente+Decente%29(Recebido por e-mail)