segunda-feira, 18 de março de 2013

O CHOVE E NÃO MOLHA


           

         Dirceu Ayres

É namoro ou amizade? Relação amorosa ou rola alguma coisa diferente? Rolo, cacho, ensaio de amor, alisado, lambida, romance ou pura clandestinidade? “Qualé, rapá?!”, indaga a nobre gazela. E o homem do tempo nem chove nem molha. Só no mormaço, só na lazeira olhando os espaços das nuvens esparsas formando caracol no céu. No tempo de amor mais remoto ao abocanhar a gata, não a deixava nem miar, era pau na papada com vontade ou sem vontade o importante era mesmo amar, quero dizer... Transar. Porque todos nós sabíamos sobre a fragilidade dos encontros amorosos, é difícil saber quando é namoro ou apenas um lero-lero, vida noves fora zero ou zero noves fora... Etc., e tal. Cada vez mais raro o pedido formal de enlace, aquele velho clássico: “Você me aceita em namoro”? Isso já era, já foi, tá longe, nunca mais!!! Agora é Barracubacu-baco-baco, escreveu não leu, uháu, o pau comeu. Acabou aquela de ficar pedindo com a maior gentileza, sendo educado, fino, elegante e outros bichos mais. O chove não molha já acabou, é “dente ou queixo”, faz ou não faz, não existe mais essa de “tire porque está doendo” é pá-pim burucutú, dentro. Não se tem mais tempo disponível para namorar. Quando eu era menino, saia para falar com a Namoradinha todo arrumado, com óleo e Brilhantina Glostora, o perfume era Desejo, o cabelo com um enorme topete todo penteado para trás e ares de Dom Juan. Entrava em sena o chove e não molha de sempre, a namoradinha fazendo seu “tipo” e dificultando tudo, mas quando travava o dente, só Deus para largar, dava tudo certo e ela saia ofegante, meio cansada, exaurida porém muito satisfeita embora fingida. Que época, não tinha mesmo o tal de chove e não molha. Acredito que as meninas gostavam dos rapazes mais atirados e desinibidos, pois a experiência nos mostrava que os rapazes que ficavam na base do chove e não molha, terminavam sem namoradas, sozinhos. Outra coisa que era com naquela época, só nos preocupávamos com as doenças venéreas, principalmente a famigerada Blenorragia que era o assombro dos meninos, qualquer sinal... Penicilina urgente e o restante era evitar as meninas que não tinha aprendido ainda como ser higiênica, ou ensinávamos ou reclamávamos ou então nunca mais saíamos com aquela garota. Certa vez em uma Cidade do Interior do estado a serviço da Petrobrás, à noite sem nada para fazer fui à casa de uma “comadre” Lá encontrei uma mocinha belíssima e novinha, depois dos, entretanto, chegamos aos finalmente e fomos para a cama. Ela era conhecida como “churrasquinho” (tinha sofrido acidente com café quente e queimou a barriga), ela foi logo dizendo! Só faço com a luz apagada! E eu que não ia fazer nada com a luz, disse apague. Começamos a ralar e rolar e de repente ao encostar a cabeça ao lado da dela, senti um mau cheiro horrível, que diabos é isso? Perguntei, ela ficou calada, eu saltei da cama acendi a lâmpada e logo achei, era a calcinha dela que ao tirar ela havia colocado para cima e ficou bem atrás de sua cabeça e quando estava por cima e fui colocar o rosto ao lado do dela encostei-me à desgraçada calcinha que ela não havia lavado pelo menos durante o último mês. Aí não precisava de chove e não molha nenhum. Com a luz acesa fui logo dizendo que quando ela se lavasse e ficasse mais higiênica eu voltaria, dei um dinheiro para comprar algum sabão ou sabonete e fazer a limpeza com bastante cuidado, sem chove e não molha e depois do banho uma lavagem de samba caitá e uma interna de baba timão. Linda como ela é será a querida dos meninos.

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